UE sente-se ameaçada por têxteis chineses
18 de maio de 2005Diante do grande aumento na importação de produtos têxteis chineses depois da suspensão das cotas que regulavam o comércio internacional no setor, em 1º de janeiro deste ano, a União Européia (UE) exigiu da China que reduza suas exportações de camisetas e fios de linho. Caso a China não tome providências imediatas, a UE estabelecerá limites para a importação desses produtos, advertiu em Bruxelas o comissário de Comércio, Peter Mandelson. Ao mesmo tempo, ele conclamou Pequim a iniciar negociações com a UE neste sentido.
No primeiro trimestre deste ano, as importações de camisetas chinesas para o mercado europeu cresceram 187% em relação ao mesmo período do ano passado; no caso dos fios de linho, a Comissão Européia registrou um aumento de 56%. A produção de têxteis em alguns países do bloco diminuiu, ao mesmo tempo, consideravelmente.
À espera de medidas de Pequim
A União Européia poderá "ir mais longe" nas medidas de proteção contra as importações de têxteis chineses, afirmou nesta quarta-feira (18/05) o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, que prometeu firmeza das autoridades do bloco europeu. "Estamos prontos a ir mais longe, estamos verdadeiramente preocupados com a situação", declarou Barroso. O dirigente europeu admitiu que pode tomar uma nova decisão, "se não houver uma atitude construtiva" por parte de Pequim nas próximas semanas.
Na prática, Pequim tem de limitar as suas exportações destes dois produtos ao nível dos primeiros 12 primeiros dos 14 últimos meses, acrescidos de 7,5%. "Isto é uma evidente violação do princípio de comércio livre e justo da Organização Mundial do Comércio", rebateu nesta quarta-feira o ministro do Comércio da China, Bo Xilai.
Uma investigação aberta pela Comissão Européia para nove categorias de produtos têxteis mostrou "uma grave deterioração da produção, rentabilidade e emprego na indústria do bloco para estas categorias, principalmente na Grécia, em Portugal e na Eslovênia".
No caso de Portugal, Bruxelas aponta para uma queda da produção de camisetas entre 30 a 50%. Se Pequim não cumprir esta disposição incluída numa cláusula especial dos acordos de adesão da China à OMC em 2001, a Comissão Européia poderá nos próximos 15 dias impor limitações quantitativas às exportações chinesas.
Precedente dos Estados Unidos
Os Estados Unidos abriram um precedente ao anunciarem a imposição de cotas a partir do final de maio para três categorias de produtos de algodão vindos da China: calças, camisas e roupas íntimas. A decisão foi duramente criticada pelos chineses, que se consideram vítimas de barreiras de importação. Washington, por seu lado, argumenta estar protegendo seu mercado de trabalho.
Num encontro com representantes da economia norte-americana, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, havia dito na última segunda-feira que a iniciativa dos Estados Unidos irá prejudicar as relações entre os dois países.