UE tem 20% de analfabetos
13 de fevereiro de 2002Não poder ler nem escrever com fluência em plena era da globalização significa ficar excluído socialmente, estar privado de qualquer chance profissional. Algo de impensável num mundo tão tecnológico, civilizado e competitivo. Porém, na realidade, quase 20% da população da União Européia é de analfabetos.
Este fato só veio à luz graças à iniciativa dos deputados do Parlamento Europeu. Num estudo sobre o analfabetismo, eles chegaram à preocupante conclusão que milhões de europeus lêem e escrevem de forma incipiente: eles são 50% dos portugueses, 30% dos italianos e quase 14% dos alemães. Os melhores índices de alfabetização provêm dos países escandinavos, Finlândia, Suécia e Dinamarca.
O relatório do Parlamento Europeu confirma os dados do estudo PISA (Programme for international student assessments), em que o sistema educacional alemão aparece em 25º lugar, dentre um total de 32 nações. Por outro lado, não é nada fácil definir o analfabetismo para toda a Europa. Por um lado, há os que não têm qualquer acesso à palavra escrita, enquanto outros conseguem ao menos colocar no papel o próprio nome e algumas frases feitas, ocultando assim sua deficiência do empregador.
Sofredores e isolados
Contudo, é impossível de relativizar o sentimento de vergonha e de privação da palavra em que estas pessoas geralmente vivem. Como lembra o estudo da União Européia: "Não dominar a linguagem provoca sério sofrimento". Além do analfabetismo clássico, os autores também mencionam uma forma recorrente, que acomete as pessoas mais idosas. Com o passar dos anos, elas desaprendem a leitura e a escrita: num mundo cada vez mais complexo, elas literalmente perderam a orientação.
Com freqüência, o analfabetismo assume a forma de um núcleo patológico. Quem sofre dele isola-se cada vez mais, retrai-se cada vez mais no local de trabalho, perde a auto-estima e, por fim, o emprego.
A expansão da Europa para o leste aumentará o problema de forma dramática. Mais de um terço dos habitantes dos futuros países-membros são analfabetos: 43% na Polônia, 42% na Eslovênia e 34% na Hungria. Alarmados com estes números, os parlamentares europeus propõem uma campanha em prol da leitura e da escrita: sua meta inicial é promover um "ano do livro", além de mais bibliotecas ambulantes e projetos de alfabetização em nível europeu.