Um ano depois, jornalistas da Al Jazeera seguem presos no Egito
29 de dezembro de 2014As prisões de três jornalistas da emissora de televisão Al Jazeera no Egito completam um ano nesta segunda-feira (29/12), em um caso que chamou a atenção da imprensa internacional e de organizações de direitos civis em todo o mundo.
O australiano Peter Greste, o egípcio-canadense Mohammed Fahmy – chefe de redação da Al Jazeera em inglês no Cairo – e o produtor egípcio Baher Mohammed estão presos há exatos 365 dias, acusados de contribuir com a Irmandade Muçulmana, organização que o governo mais tarde classificou de grupo terrorista.
Muitos observadores consideram o julgamento que resultou na condenação dos três jornalistas uma farsa de fundo político, devido à falta de evidências que pudessem incriminá-los. Eles receberam penas que variam de sete a dez anos de prisão.
As prisões ocorreram durante a repressão, por parte do governo egípcio, aosislamitas no país, após a deposição do presidente Mohammed Morsi. As autoridades acusavam a Al Jazeera de agir como a voz da Irmandade Muçulmana no Egito e de ameaçar a segurança nacional.
A emissora negou tais acusações e afirmou que seus jornalistas estavam apenas cobrindo os protestos dos apoiadores de Morsi. Os réus dizem terem sidos vítimas da disputa política entre o Egito e o Catar – o país que está por trás da rede de televisão –, em razão do apoio do Catar à Irmandade Muçulmana, e afirmam que estavam somente exercendo a sua profissão.
Organizações de defesa dos direitos humanos, assim como os governos ocidentais, condenaram o julgamento dos jornalistas. As Nações Unidas chegaram a questionar a independência jurídica do país.
Reconciliação com o Catar
O acontecimento elevou as tensões entre o Egito e o Catar. Uma recente aproximação entre os dois países – promovida pelas nações do Golfo Pérsico, sob a liderança da Arábia Saudita – aumentou as especulações de que uma solução para a libertação dos jornalistas estaria sendo encaminhada.
Um dos possíveis sinais da reconciliação entre Egito e Catar foi o fechamento, por parte da Al Jazeera, de sua afiliada egípcia, cuja cobertura jornalística gerava irritações no governo do Cairo.
A atitude fez crescer os rumores de que o Egito poderia responder com a libertação dos três jornalistas, através dos tribunais ou do perdão presidencial. Em novembro, o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, havia sinalizado que considera a concessão do perdão aos três jornalistas.
Ao menos mais 12 jornalistas egípcios estão detidos sob diversas acusações, que incluem participação em protestos ou uso da violência, segundo o ativista egípcio de direitos humanos Mohammed Lotfy, que acompanhou o julgamento dos jornalistas para a Anistia Internacional.
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