Um monumento para o lugar mais terrível de Buchenwald
14 de abril de 2002"Eu vi lágrimas nos olhos dos soldados americanos, quando eles entraram pela primeira vez no inferno que era o pequeno campo", escreveu Bruno Apitz, autor do célebre livro Nackt unter Wölfen (Desnudo entre lobos) após a libertação do campo de concentração de Buchenwald, perto de Weimar. Apitz esteve ali como prisioneiro. Mais de 50 anos depois, foi construído um monumento em memória dos prisioneiros do chamado pequeno campo.
A quintessência da maldade
- Trata-se "do lugar mais terrível de Buchenwald que, em si já era terrível, a quintessência da maldade e da miséria humanas", disse o vice-diretor do memorial, inaugurado neste domingo (14), Rikola G. Lütgenau. Em barracas antes usadas como estábulos para cavalos, chegaram a viver ali, espremidas, 20 mil pessoas, a maioria judeus, sob as mais horríveis condições de higiene, subnutridas, doentes e sem atenção médica.Para o governador da Turíngia, Bernhard Vogel, de Buchenwald parte um dever: deixar claro que "ninguém pode questionar o direito de existência de Israel". A construção do monumento é uma advertência para que nunca mais se permita o surgimento e o funcionamento de uma maquinaria do mal como a do nazismo na Alemanha.
O prisioneiro 87900
- O monumento é de autoria do arquiteto norte-americano Stephen B. Jacobs, que esteve no pequeno campo em 1945, ano em que terminou a guerra. Com cinco anos na época, Jacobs foi levado de Auschwitz com seu pai e seu irmão para Buchenwald, recebendo o número de prisioneiro 87900. Também esteve ali nessa época Elie Wiesel, posterior detentor do Prêmio Nobel da Paz.Construído com pedra da colina Ettersberg, no topo da qual está situado o campo de concentração de Buchenwald, o monumento é um projeto conjunto do Memorial de Buchenwald e da "United States Comission for the Preservation of America's Heritage Abroad". Ele foi financiado com 100 mil dólares de donativos coletados nos EUA, a mesma importância de parte do governo federal alemão e uma contribuição do Estado da Turíngia.
Isolado para quarentena
- O pequeno campo foi montado em 1942 para servir de local de quarentena e estava separado por uma cerca de arame farpado do restante do campo de concentração de Buchenwald. Após a evacuação em massa de Auschwitz e Gross-Rosen, no final de 1944, reinavam ali condições tão catastróficas, que em menos de cem dias mais de 5.000 pessoas morreram da forma mais desumana. Após a libertação e a destruição das barracas, o local ficou entregue à vegetação. Em 1991 começaram os trabalhos para recuperar a memória do pequeno campo.