Um templo improvável para mercadores
19 de agosto de 2005A associação encarregada pela Igreja Católica de organizar a Jornada Mundial da Juventude 2005, realizada de 15 a 21 de agosto em Colônia e redondezas, dispõe de aproximadamente cem milhões de euros.
Além dos custos de pessoal, a maior parte do orçamento é destinada para a construção do chamado "Campo de Maria", onde o papa fará a missa de encerramento, e para a alimentação de cerca de 400 mil peregrinos que se inscreveram para o evento.
Vigília, dia e noite
Este evento, que – segundo as previsões – corresponde à maior concentração de pessoas da história da Alemanha, vai render não só para as empresas encarregadas da infra-estrutura, mas também para os comerciantes da região. Por pressão do comércio local, a prefeitura de Colônia ampliou o horário de abertura das lojas. O horário de funcionamento dos restaurantes também foi modificado em função do evento. Isso também vale para Bonn e Düsseldorf, cidades envolvidas na programação da JMJ 2005.
Apesar de este evento de massa católico contar com a participação de quase um milhão de pessoas e de os estabelecimentos comerciais poderem ficar abertos até meia-noite em determinados dias, os comerciantes do centro da cidade não têm grandes expectativas de lucro com os peregrinos.
Rezar, passear e fazer compras
"Temos que levar em conta que a clientela que está vindo para Colônia não tem muito dinheiro no bolso", afirma Uwe Klein, diretor da Associação de Comércio de Colônia: "A prioridade é prover os visitantes com o necessário, ou seja, comida e bebida. E claro que também há demanda para suvenires".
Sempre é mais fácil de prever o número de pessoas que participam de um evento do que o quanto eles vão consumir. Enquanto um turista normal consome de 60 a 100 euros em média, os jovens peregrinos não têm um poder aquisitivo muito expressivo.
Mas peregrino nem sempre é peregrino. Segundo o diretor da sede renana da Associação Alemã de Hotelaria e Gastronomia, Matthias Johnen, a experiência com outras jornadas mundiais católicas mostra que "um terço das pessoas vem realmente para rezar, um terço vai passar o tempo fazendo turismo e um terço vem disposto a consumir e fazer compras".
O hábito faz o monge
Mas as pessoas que viajaram para o evento com uma intenção prioritariamente religiosa também são consumidores em potencial. Os sacerdotes a participarem da missa de encerramento da JMJ católica aparecerão com vestes uniformizadas. Vestimentas de teólogos leigos podem custar 200 euros, mas também há variantes cerimoniais de até cinco mil euros.
O vigário da cidade de Solingen explica que as vestimentas litúrgicas são muito importantes, pois a liturgia deve atingir todos os sentidos: "Em todo lugar em que nossa mensagem puder chegar, ela pode ser apreendida com os cinco sentidos".