Patrimônios Mundiais
27 de junho de 2011O que a paisagem cultural do café na Colômbia, a cidade japonesa de Hiraizumi, a capital da ilha de Barbados (Bridgetown), o mar de baixio de Hamburgo, cinco florestas alemãs de faia e um prédio considerado precursor da arquitetura moderna têm agora em comum?
Todos foram elevados à condição de Patrimônio Mundial da Humanidade pela 35ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco neste fim de semana em Paris. A ilha de Meroe, no Sudão, a zona protegida do Wadi Rum, na Jordânia, e uma série de edifícios representativos do poder dos lombardos, na Itália, também entraram na lista.
Até o dia 29 de junho, o comitê avalia a candidatura de 35 sítios naturais e culturais, para decidir quais devem receber o status de Patrimônio Mundial por seu "valor universal excepcional", aponta a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Florestas de faia
Na lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade, a Alemanha está agora representada com 36 heranças culturais e naturais. Em comunicado, a Unesco justificou o tombamento das florestas alemãs de faia (Buchenwälder) por serem "indispensáveis para compreender a expansão das espécies de árvores do gênero Fagus no Hemisfério Norte".
Segundo a Unesco, essas antigas florestas alemãs representam de forma notável um ecossistema que marcou todo um continente e complementam perfeitamente as florestas de faia dos Cárpatos, na Eslováquia e na Ucrânia, tombadas como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade pela Unesco em 2007.
O título de Patrimônio Mundial pôde ser festejado por diversos estados alemães neste fim de semana. A candidatura alemã abrangia cinco regiões distribuídas pelos estados de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Brandemburgo, Turíngia e Hessen.
Em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental foram selecionados o Parque Nacional de Jasmund e as florestas de faia de Serrahn, no Parque Nacional de Müritz. Os outros são a floresta de faia de Grumsin, em Brandemburgo, o Parque Nacional de Hainich, na Turíngia, como também o Parque Nacional de Kellerwald-Edersee, em Hessen. Com exceção de Hessen, os demais estados pertenciam à antiga Alemanha Oriental.
Algumas regiões se beneficiaram da situação política das últimas décadas. Durante mais de 40 anos, as florestas no Parque Nacional de Hainich estavam numa zona de treinamento militar e pouco foram exploradas, explicou a Unesco. A floresta de faia de Grumsin era uma região estatal de caça da República Democrática Alemã e permaneceu praticamente intocada.
Fábrica Fagus em Alfeld
Por coincidência, as árvores tombadas pela Unesco na Alemanha também deram nome à fabrica de formas de sapatos projetada pelos arquitetos Walter Gropius e Adolf Meyer, em Alfeld an der Leine, no estado alemão da Baixa Saxônia, que a Unesco também elevou, neste fim de semana, a Patrimônio Cultural da Humanidade.
Segundo a Unesco, o complexo de dez edifícios, concebido no início dos anos 1910 por Gropius, testemunha o desenvolvimento da arquitetura moderna e do desenho industrial. "Com suas vidraças revolucionárias e sua estética funcionalista", a fábrica Fagus "anuncia o movimento modernista e a Escola Bauhaus", afirmou a Unesco.
Construído entre 1911 e 1913 sob encomenda do industrial Carl Benscheidt, o prédio da fábrica Fagus foi a primeira grande obra independente do futuro diretor da Bauhaus Walter Gropius e um dos primeiros projetos que usaram o ferro e o vidro de forma moderna.
Precursor da arquitetura moderna
Gropius tinha apenas 28 anos ao projetar o edifício da Fagus, mas seu trabalho com o arquiteto alemão Peter Behrens lhe conferia as melhores qualificações. No escritório de Behrens, Gropius foi colega de Mies van der Rohe e Le Corbusier e participou do histórico projeto para a companhia de eletricidade AEG, em 1909, que incluía não somente um projeto arquitetônico para a fábrica de turbinas, mas seu design corporativo completo.
No edifício da Fagus, Gropius desenvolveu uma linguagem formal que marcaria toda a arquitetura moderna: estrutura independente com pilares ainda de alvenaria, entre os quais eram fixadas vidraças emolduradas com caixilhos de ferro. Esse princípio construtivo foi aperfeiçoado por Gropius no futuro prédio da Escola Bauhaus, em Dessau, com seus pilares recuados de concreto e amplos panos de vidro.
Nesta segunda-feira (27/06), a Unesco também incluiu o Parque Nacional do Mar de Baixio de Hamburgo na lista de Patrimônio Mundial. Os 137 quilômetros quadrados do parque, situado na foz do rio Elba, complementam agora regiões já tombadas como Patrimônio Mundial Natural na costa dos estados alemães de Schleswig-Holstein, Baixa Saxônia e na Holanda.
Autor: Carlos Albuquerque
Revisão: Alexandre Schossler