Unicef alerta sobre situação das crianças no Iêmen
7 de abril de 2015O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou nesta segunda-feira (06/04) que mais de 100 mil pessoas no Iêmen tiveram que abandonar suas casas em busca de refúgio e que dezenas de crianças morreram desde o acirramento dos combates no país, há cerca de duas semanas. O total de mortos já chega a 540.
O Unicef afirma que a violência prejudica o fornecimento de água a regiões do sul do país e que em alguns locais há transbordamento de esgoto, o que pode causar surtos de doenças. Hospitais sofrem com a carência de recursos para tratar de um grande número de feridos. Alguns centros médicos também foram alvos de ataques, que mataram ao menos três profissionais de saúde.
O representante da agência no Iêmen, Julien Harneis, ressaltou que as crianças são as mais vulneráveis. "Elas estão sendo mortas, mutiladas e forçadas a abandonar suas casas, sua saúde está sendo ameaçada, e a educação, interrompida", diz Harneis, em nota divulgada nesta segunda-feira em Amã, na Jordânia.
Segundo o porta-voz do Unicef Christophe Boulierac, cerca de um milhão de crianças estariam impedidas de irem à escola. Ele afirmou que o número de mortes entre elas inclui as que morreram diretamente nos combates ou por causas indiretas.
Ao menos 74 crianças perderam suas vidas e 44 ficaram feridas desde o dia 26 de março, quando foi iniciada acampanha militar liderada pela Arábia Saudita contra os rebeldes xiitas no Iêmen.
O país vive uma guerra civil após os rebeldes xiitas houthis e seus aliados, entre eles militares fiéis ao presidente deposto Ali Abdullah Saleh, iniciarem uma ofensiva contra o governo do presidente Abd Rabbuh Mansur al-Hadi.
Uma coalizão liderada pelos sauditas, que apoiam Hadi, realiza ataques aéreos na tentativa de deter os avanços dos insurgentes.
Na segunda-feira, os combates se intensificaram em Áden, a segunda maior cidade do Iêmen. Os rebeldes tentam tomar o controle do local, cidade portuária tida como o maior bastião dos apoiadores de Hadi.
"As condições são bastante perigosas no momento", afirmou a médica da Unicef em Áden, Gamila Hibatullah. "Os hospitais estão superlotados e até ambulâncias foram sequestradas."
A agência informou que está fornecendo combustível para o bombeamento de água no sul do país. Em outras regiões, há relatos de que a água se acumula nas ruas, fazendo com que haja transbordamento de esgoto.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira que o conflito causou mais de 540 mortes e deixou cerca de 1.700 feridos desde o dia 19 de março.
RC/afp/ap