Universidades querem selecionar melhor estrangeiros
28 de dezembro de 2003Nos últimos anos a Alemanha intensificou as ações para atrair estudantes estrangeiros, como a inclusão de cursos de pós-gradução ministrados em inglês e a oferta de certificados de conclusão que sejam reconhecidos internacionalmente. Os resultados já são visíveis: o país se tornou o terceiro destino preferido de estudantes de todo o mundo, atrás apenas de centro tradicionais, como Estados Unidos e Grã-Bretanha. "Nós fomos mais longe do que nossos lamentos fazem supor", disse o diretor do Centro para o Desenvolvimento de Escolas Superiores, Detlef Müller-Böling.
Agora a preocupação do DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) e das universidades alemãs se volta para uma melhor seleção dos candidatos de outros países. “Nós precisamos continuar divulgando a nossa oferta no crescente mercado internacional de educação, mas a admissão deve ser diferenciada”, afirmou recentemente o secretário-geral do DAAD, Christian Bode. A decisão é influenciada também pelos cortes nos recursos das universidades.
Uma das medidas já introduzidas pelas universidades é realizar um teste pela internet com os candidatos do exterior a uma vaga em curso de pós-graduação. A idéia é conceder a admissão somente a estudantes que disponham dos conhecimentos preliminares necessários para um aprofundamento nas respectivas disciplinas. Por enquanto cada escola superior tem seu próprio método de avaliação. Mas Bode não exclui a introdução de um teste unificado, a médio prazo.
Descontentamento generalizado
A campanha mundial lançada pelo DAAD com o mote “Se você deseja uma carreira universitária internacional, venha para a Alemanha” pretendia atrair as cabeças mais inteligentes da Ásia, da América e do Leste Europeu. O chamado foi atendido por milhares de estudantes, mas não necessariamente apenas por superdotados. O resultado: descontentamento generalizado.
De um lado, há o descontentamento e a frustração de estudantes que não superaram o primeiro semestre em uma universidade, geralmente devido aos escassos conhecimentos da língua alemã. Do outro, há o descontentamento de professores que se depararam com perfis de estudantes não adequados ou não desejados. Segundo a experiência do diretor do Departamento Internacional da Universidade de Hamburgo, só um terço dos estudantes estrangeiros atende ao perfil desejado.
Os estudantes também opinam e se queixam de más condições em algumas universidades alemãs, principalmente da massificação nas aulas, de exames de conhecimentos em alemão em que nem os próprios alemães teriam condições de ser aprovados e de informações deficientes e má vontade de pessoas que, em tese, deveriam ajudar a orientar os alunos estrangeiros na universidade.
Vantagens alemãs
Entre as vantagens oferecidas pelas universidades alemãs – e que contribuem para a terceira colocação do país entre os destinos favoritos dos estudantes – estão o renome de algumas instituições e a praticamente gratuidade dos cursos superiores. A nacionalidade dos estudantes é a mais diversa possível e inclui desde chineses e poloneses a russos, franceses e brasileiros. As carreiras preferidas pelos estudantes são, pela ordem das áreas: Economia, Filologia Alemã, Eletroeletrônica, Informática e Música. As escolas superiores preferidas são a Universidade Técnica de Berlim e as universidades de Frankurft e Colônia.