Celulares e câncer
1 de junho de 2011Utilizar um telefone celular pode aumentar o risco de desenvolver certos tipos de tumores cerebrais, afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira (31/05). Mas, para a indústria, isso não siginifica que os celulares causem câncer, e especialistas apontam para a necessidade de mais pesquisas.
Um grupo de 31 cientistas de 14 países reunidos na Agência Internacional para a Pesquisa em Câncer da OMS (IARC, na sigla em inglês) afirmou que uma revisão de todos os testes científicos disponíveis sugeriu classificar o uso de celulares como "possivelmente cancerígeno" – a mesma categoria do cloroformo, do chumbo e do café.
Jonathan Samet, responsável pelo grupo de trabalho constituído pela OMS e a IARC, disse que as evidências sugeriram um aumento do risco de glioma – tipo de câncer cerebral – para quem utiliza celular. Há 5 bilhões de aparelhos em uso no mundo.
Entretanto, a agência advertiu que os dados atuais mostraram apenas uma possível e não uma comprovada conexão entre aparelhos wireless e câncer. O órgão reforçou a necessidade de pesquisas mais amplas e detalhadas, envolvendo tecnologia e mudança de hábitos de consumo, antes de dar uma resposta definitiva sobre o assunto.
Grupos industriais também tentaram diminuir a importância dada à conclusão da OMS, que coloca os celulares no mesmo patamar do café e de algumas verduras. "Essa classificação da IARC não significa que os telefones celulares causem câncer", afirmou John Walls, vice-presidente de relações públicas da CTIA, associação da indústria de celulares dos Estados Unidos.
John Cooke, diretor executivo da Associação Britânica de Operadoras Móveis, também destacou que a IARC apenas encontrou a possibilidade de risco e que a existência ou não do risco de câncer requer mais pesquisas. Walls destacou ainda que o grupo de trabalho da IARC não realizou nenhuma pesquisa nova, mas apenas avaliou estudos já publicados.
A observação da IARC sobre a conexão entre uso de celulares e câncer partiu de um estudo publicado no ano passado, que avaliou quase 13 mil usuários de telefones celulares durante dez anos e não fornece uma resposta clara para a questão de se os celulares causam tumores cerebrais. Mas, enquanto não se realizam mais estudos, Christopher Wild, presidente da IARC, diz ser importante tomar medidas pragmáticas para reduzir a exposição, como utilizar fones de ouvido e escrever mensagens de texto.
LF/rts/afp
Revisão: Alexandre Schossler