Vai a leilão obra de Banksy com "parlamento de chimpanzés"
29 de setembro de 2019Um quadro do artista britânico Banksy mostrando chimpanzés sentados no Parlamento britânico vai a leilão na próxima semana pela Sotheby's de Londres.
Devolved Parliament (Parlamento transferido), obra pintada em 2009, deverá ser exibida até 3 de outubro, quando será posta à venda na capital britânica.
A partir do ponto de vista da entrada principal, o quadro mostra chimpanzés nos bancos verdes da Câmara dos Comuns. A pintura mede 4,46 metros por 2,67 metros – a maior tela conhecida do artista anônimo de Bristol, informou a casa de leilões.
Banksy criou Devolved Parliament para um festival do Museu de Bristol em 2009, que atraiu mais de 300 mil visitantes e foi considerado uma das exposições mais visitadas do mundo naquele ano.
O proprietário anônimo da pintura a emprestou ao museu no início deste ano para marcar o 10º aniversário da exposição e a saída originalmente planejada do Reino Unido da União Europeia (UE) em 29 de março.
"Eu fiz isso há 10 anos. O Museu de Bristol acabou de exibi-la para marcar o dia do Brexit", disse o artista na época. "Riam agora, mas um dia ninguém estará no comando."
"O que ele está apontando aqui é a regressão da mais antiga democracia parlamentar do mundo a um comportamento animalesco tribalista, do tipo que vimos em transmissões nas nossas televisões", disse Alex Branczik, diretor do departamento de arte contemporânea da Sotheby's.
"A verdadeira genialidade de Banksy é sua capacidade de reduzir esse debate incrivelmente complexo a uma simples imagem, que tanto é muito facilmente compartilhada nesta era de mídias sociais e de uma população que consome muitas imagens."
Espera-se que a obra atinja um valor entre 1,85 milhão e 2,45 milhões de dólares (7,7 milhões e 10,2 milhões de reais). O recorde atual de leilão de uma obra de arte de Banksy é de 1,87 milhão de dólares (7,8 milhões de reais), alcançado por Keep it Spotless (Mantenha impecável) na Sotheby's de New York, em 2008.
A venda ocorre depois que a polêmica suspensão de cinco semanas do Parlamento britânico pelo primeiro-ministro Boris Johnson foi considerada ilegal pela Suprema Corte, com o tempo se esgotando antes de o Reino Unido deixar a União Europeia em 31 de outubro. "Nunca houve um melhor hora de levar essa pintura a leilão ", disse Branczik.
Pessoas e políticos no Reino Unido permanecem amargamente divididos sobre como deixar o bloco europeu de 28 países. Johnson insiste que quer chegar a um consenso, mas está exigindo mudanças significativas no acordo de saída negociado por sua antecessora, Theresa May, e que foi rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico.
A UE diz que ainda aguarda propostas concretas de Londres para manter uma fronteira aberta entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, país-membro do bloco europeu – o chamado backstop, principal ponto de discórdia nas negociações.
CA/afp/rtr/ap/dw
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