Vala coletiva de judeus é descoberta em Belarus
28 de fevereiro de 2019Os restos de centenas de pessoas fuziladas durante a Segunda Guerra Mundial foram descobertos na área de um antigo gueto judaico em Belarus, perto da fronteira com a Polônia.
A vala coletiva foi descoberta por acaso em janeiro por trabalhadores da construção civil que erguiam os fundamentos de um bloco de prédios residenciais na cidade de Brest. As construções foram interrompidas após a descoberta, e soldados iniciaram uma operação para recuperar os ossos.
Além dos restos de 790 pessoas, também foram descobertos itens como sapatos de couro, que não apodreceram com o tempo. Ainda não se sabe quantas ossadas poderão ser encontradas, afirmou o militar Dmitry Kaminsky, que lidera a unidade de buscas.
"É possível que as valas continuem ao longo da rua. Temos que abrir o pavimento. Então saberemos", disse. Segundo Kaminsky, o trabalho de desenterrar os ossos das vítimas abalou emocionalmente a equipe de buscas. "Quando encontramos o esqueleto de uma criança e o de uma mãe a protegendo, entendi o que essas pessoas sentiram."
Belarus, uma antiga república soviética, foi ocupado pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra, o que levou à morte de dezenas de milhares de judeus que habitavam o país.
Brest fazia parte da Polônia antes da guerra e foi ocupada pela Alemanha em junho de 1941. Os nazistas fuzilaram milhares de judeus na cidade nos dias seguintes à ocupação.
De dezembro de 1941 a outubro de 1942, a cidade abrigou um gueto judaico, área criada pelos nazistas para segregar judeus, com uma população de cerca de 18 mil pessoas.
Agora, as autoridades locais de Brest querem enterrar os corpos em uma cerimônia em um cemitério no norte da cidade. "Queremos ter certeza de que não há mais valas coletivas aqui", disse Alla Kondak, funcionária do município.
Segundo ela, vítimas dos fuzilamentos de 1941 foram encontradas em vários outros pontos da cidade antes da descoberta. Quase todos os sobreviventes judeus de Brest foram mortos em outubro de 1942 em Bronnaya Gora, local de assassinatos em massa de judeus de Belarus e da Polônia.
A arquiteta e historiadora Irina Lavrovskaya lançou uma petição para interromper as construções de prédios no local da descoberta. Cerca de mil pessoas que assinaram o documento pediram que um memorial seja construído no local, em vez dos prédios. "Não sei como se pode construir uma casa em cima de ossos", disse Galina Semenova, de 87 anos, moradora de Brest.
A construtora responsável, porém, disse que as obras foram aprovadas e que irá adiante com o projeto. "Infelizmente, no território de Belarus, muitas valas foram encontradas no pós-Guerra e ainda estão sendo encontradas", disse.
PJ/rtr/afp
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