"Van passou por cima de tudo o que podia"
18 de agosto de 2017Whitney Cohn, professora de matemática de Nova York, estava voltando para o hotel com o marido e as filhas após visitar um museu quando viu uma van acelerando contra os pedestres em Barcelona, derrubando dezenas de pessoas em meio a gritos. Ela agarrou as filhas e começou a correr. "A van estava voando", contou Cohn ao jornal The New York Times. "Ela não bateu em nós por um triz."
A movimenta região de Las Ramblas, uma das preferidas dos turistas em Barcelona, mergulhou no caos nesta quinta-feira(17/08), quando um terrorista jogou uma van contra pedestres no calçadão, deixando ao menos 13 mortos e cem feridos. A Espanha, que há 13 anos não era alvo de um atentado, voltou à mira do terrorismo islâmico.
Testemunhas descreveram um cenário de horror. A van acelerou em zigue-zague em alta velocidade pela avenida Las Ramblas, coração turístico da cidade. Com a aproximação, as pessoas largaram seus pertences para trás e fugiram em disparada, enquanto outras eram atingidas, entre elas crianças e idosos. Os feridos, de mais de 30 nacionalidades, foram enviados para cerca de 15 hospitais.
"Ouvi gritos e uma batida, e então só vi a multidão correndo e essa van passando pelo meio das Ramblas. Soube imediatamente que era um ataque terrorista ou algo do tipo", disse a testemunha Tom Gueller à BBC. O "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a autoria do atentado.
"Não estava reduzindo a velocidade. Estava simplesmente indo em frente pelo meio da multidão no meio das Ramblas", conta Gueller. A van chegou a avançar cerca de 500 metros contra a multidão.
Dois suspeitos foram detidos na quinta-feira, mas o motorista da van fugiu a pé, segundo autoridades da Catalunha. Um terceiro suspeito foi pego nesta sexta-feira, mas não está claro se ele é o condutor.
Autoridades da Espanha acreditam que 12 pessoas possam estar envolvidas no ataque em Barcelona, em que o grupo também planejava usar latas de gás butano, disse a agência Reuters citando uma fonte jurídica com conhecimento da investigação.
"Vi várias pessoas saírem voando"
"Caminhávamos por ali quando vimos como a van branca começou a atropelar gente. Vimos ciclistas saltando pelos ares, pessoas saltando pelos ares... Foi horrível", relatou ao diário El País Ellen Vercamm, turista belga que foi testemunha direta do atropelamento.
"Vi várias pessoas saírem voando", comentou um taxista que também estava presente.
"A maioria dos feridos não podia se levantar e tinha muita gente ensanguentada no chão", afirmou um trabalhador.
Entre as vítimas havia crianças e adultos de vários países, incluindo Espanha, França, Alemanha, Holanda, Argentina, Venezuela, Bélgica, Peru, Romênia, Irlanda, Cuba, Grécia, Macedônia, Inglaterra, Áustria, Paquistão, Taiwan, Canadá, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Kuwait, Turquia e China.
Keith Fleming, um americano que mora perto de Las Ramblas, estava assistindo televisão quando ouviu o barulho, olhou pela varanda e viu "mulheres e crianças correndo aterrorizadas", disse à Associated Press. Logo depois do ataque, a rua ficou deserta, exceto por policiais armados.
Ferran Rodríguez, funcionário da cafeteria Viena, contou que a van subiu para o centro de La Rambla para atropelar "tudo o que podia, destroçando também estabelecimentos". Ele ficou quase quatro horas fechado no local, usado como refúgio por transeuntes, e manteve as persianas abaixadas por ordem policial.
Enquanto isso, viu "muita gente ferida e morta". "A maioria dos feridos não podia se levantar e havia muita gente ensanguentada atirada no chão, enquanto a maioria das pessoas corria em disparada", relatou.
Segundo Rodríguez, a polícia começou a permitir, pouco depois das 20h30, que as pessoas que residem na região começassem a voltar para suas casas e hotéis depois de revistar bolsos e mochilas.
Ataque em Cambrils
Um segundo ataque, que autoridades acreditam ter sido coordenado com o primeiro, ocorreu na cidade litorânea de Cambrils, localizada cerca de 120 quilômetros ao sul de Barcelona, e deixou sete pessoas feridas, duas delas em estado grave.
Pessoas que caminhavam pela orla foram atropelas por um veículo com cinco homens. O carro foi interceptado pela polícia, e os ocupantes foram mortos a tiros. Os suspeitos usavam cintos com explosivos, que mais tarde se descobriu serem falsos, afirmaram autoridades.
PJ/efe/dpa