Vaticano reconhece Estado palestino
13 de maio de 2015O Vaticano anunciou nesta quarta-feira (13/05) ter concluído um tratado que, oficialmente, reconhece a Palestina como Estado. A decisão foi recebida com irritação pelo governo israelense, que viu nela um obstáculo às negociações de paz na região.
O tratado tem grande peso simbólico – nos territórios ocupados palestinos estão vários locais sagrados para os cristãos. E representa mais um impulso aos esforços do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em busca de reconhecimento internacional.
"O acordo é uma forma de encorajar a comunidade internacional, especialmente as partes diretamente implicadas, a empreender uma ação mais decisiva para contribuir com uma paz duradoura e a solução de dois Estados", afirmou Antoine Camilleri, vice-chefe da diplomacia vaticana.
O anúncio confirma o que o papa Francisco e a Santa Sé já vinham sinalizando nos últimos anos. Em 2012, o Vaticano deu boas-vindas à decisão da Assembleia Geral da ONU de aprovar a Autoridade Palestina como "Estado observador não membro", medida que representou um reconhecimento implícito.
No ano passado, o Vaticano já havia usado, sem alarde, o termo "Estado palestino" em seu Anuário Pontifício, que contém dados gerais sobre a estrutura da Santa Sé. As palavras foram empregadas também pelo próprio Francisco durante visita à Terra Santa.
O tratado anunciado nesta quarta tem peso especial por ser o primeiro documento legal negociado entre a Santa Sé e o Estado palestino. Ele constitui, portanto, um reconhecimento diplomático oficial.
"É um reconhecimento de que o Estado existe", confirmou o principal porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
O Ministério do Exterior israelense se disse "desapontado" com o novo tratado. Em comunicado, afirmou que a medida não ajuda no processo de paz e "dificulta o retorno da liderança palestina a negociações".
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, é esperado no Vaticano no sábado, para um encontro com o papa Francisco. A reunião deverá ocorrer antes da canonização de dois novos santos nascidos nos territórios palestinos.
RPR/rpr/dpa