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Verdes registram melhores resultados da sua história

(sv)23 de setembro de 2002

Apesar da estreita maioria da coalizão de governo, as eleições alemãs deixaram um balanço muito positivo para os Verdes, que registraram os melhores resultados nas urnas em seus 22 anos de existência.

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Líderes verdes comemoram em BerlimFoto: AP

Obter "oito pontos percentuais e mais alguma coisa" e tornar-se a terceira força política do país foram os objetivos traçados pelos verdes para as eleições. O partido conseguiu atingir os dois alvos, ultrapassando com boa margem os liberais, que caíram para a quarta posição no ranking dos partidos alemães.

A casa de espetáculos Tempodrom, em Berlim, onde três mil militantes verdes estiveram reunidos, foi abaixo quando os primeiros prognósticos começaram a ser anunciados após a abertura das urnas. Apesar da euforia, a festa foi acompanhada de uma certa cautela: os olhares continuavam voltados para os índices obtidos pelo parceiro de coalizão, os social-democratas do chanceler Gerhard Schröder.

Grande estrela –

A entrada de Joschka Fischer no salão do Tempodrom, uma hora e meia após o início da contagem de votos, provocou uma série quase ininterrupta de aplausos. Grande parte do sucesso dos Verdes pode ser creditada ao atual ministro das Relações Exteriores – a principal estrela do partido. Fischer mostrou-se confiante, no início das apurações, ao anunciar que "vai ser uma noite tensa, mas no final vamos formar uma maioria".

Representante da ala pragmática dos verdes, o ministro do Exterior é uma das personalidades políticas mais aceitas e elogiadas pela população alemã. Apesar disso, Fischer viveu, durante os quatro anos no poder, momentos em que se distanciou de seu próprio partido. Na noite de comemorações, no entanto, foi aclamado pelos militantes verdes como "o nosso Joschka".

De revolucionário a ministro –

Fischer nasceu a 12 de abril de 1948, filho de um açougueiro, cujos pais eram alemães vindos da Hungria. Após terminar a escola, o atual ministro do Exterior fez um curso técnico de Fotografia, tendo se tornado mais tarde membro do grupo Combate Revolucionário. Militante entre 1968 e 1975, Fischer se envolveu em alguns confrontos com a polícia, mas sempre manteve distância do terrorismo de esquerda.

Em 1982, Fischer se filiou ao Partido Verde, tendo chegado ao Parlamento um ano mais tarde. Em 1985, teve que abandoná-lo devido a um princípio de rotação de parlamentares, seguido pelos Verdes no passado. Em 1994, Fischer voltou ao Bundestag, tornou-se líder da bancada verde, tendo se destacado como uma das principais cabeças da oposição. Acima de tudo, Fischer foi um dos responsáveis pelos rumos pragmáticos tomados pelos Verdes e um dos pilares da coalizão com os social-democratas.

Ala esquerda –

Em oposição direta aos "realos" liderados por Fischer, a ala esquerda do Partido Verde também tem um rosto específico: o de Christian Ströbele. Por defender com veemência qualquer forma de intervenção militar na política internacional, Ströbele entrou nos últimos anos em atrito com seus próprios correligionários e acabou sendo eliminado da lista do partido para o Bundestag.

No entanto, através do voto direto (que forma metade do Parlamento alemão), o representante dos ideais de 68 e defensor dos militantes antiglobalização foi eleito para mais um mandato no Parlamento alemão. Trata-se do primeiro mandato direto conseguido pelos Verdes na história do partido. Entre outras, Ströbele chamou a atenção da opinião pública nos últimos tempos por ter abandonado o Bundestag, de forma hostil, durante o discurso do presidente norte-americano George W. Bush, em maio último.

No prosseguimento dos trabalhos da coalizão de governo, algumas negociações serão para os Verdes uma prova de fogo. Divergências com os social-democratas existem, por exemplo, em relação ao imposto ecológico e à medida que visa abolir o serviço militar ou civil obrigatório.

Schröder esverdeado –

O chanceler Gerhard Schröder tem de dar graças aos Verdes por continuar em seu posto, . Nas semanas anteriores às eleições, o chefe de governo alemão acentuou o tom esverdeado de suas propostas. O abandono do uso da energia atômica, a reforma no setor agropecuário e a proteção ao meio ambiente foram alguns dos temas destacados por Schröder às vésperas do pleito.