Vestígios de Schiller na Suábia
26 de fevereiro de 2005Nascido em 1759 em Marbach, cidadezinha situada ao alto das margens do Rio Neckar, Friedrich Schiller mudou-se com sua família em 1767 para Ludwigsburg, cidade barroca situada a poucos quilômetros de distância, onde a família viveu até 1773.
Nessa época, o futuro poeta visitou a Escola de Latim, ficou conhecendo a imprensa – a famosa editora Cotta ficava no mesmo prédio onde ele morava –, teve os primeiros contatos com o teatro e com a vida sob o punho forte de um senhor absolutista, o conde Carl Eugen.
Impossível caminhar por Ludwigsburg, hoje, sem encontrar vestígios de Schiller: citações de conhecidas obras suas estão inscritas no pavimento das ruas. A cidade oferece visitas guiadas pelas casas onde a família Schiller morou e pela escola que o menino freqüentou. Os teatros apresentam montagens de suas peças mais famosas.
Mas um ponto alto de qualquer visita á cidade é seu castelo, o maior palácio barroco ainda existente na Alemanha. Situado em meio a extensos jardins, o castelo apresenta vestígios de três épocas – o barroco, o rococó e o empire. Após amplos trabalhos de restauração, 300 de seus 452 aposentos estão novamente acessíveis.
Disciplina militar
O desejo do jovem de 14 anos de estudar teologia foi frustrado pelo severo conde Carl Eugen, que o obrigou a entrar para a academia militar que ele mantinha no Castelo Solitude, nas proximidades de Stuttgart. Esse contato precoce com a arbitrariedade de um monarca absolutista e com a disciplina militar certamente contribuiu para imbuir o jovem de seus pensamentos revolucionários em prol da liberdade.
Foi em Solitude que ele escreveu, aos 18 anos, a peça Os Salteadores (Die Räuber), que casou grande sensação, ao estrear em Mannheim em janeiro de 1782, tornando seu autor famoso do dia para a noite.
Stuttgart e o vinho
A academia instalada no castelo foi transferida para Stuttgart em 1775, ocasião em que Schiller abandonou os estudos iniciais de direito para enveredar pelos caminhos da medicina.
Situada num vale que se abre para o Neckar e cercada por bosques, pomares e vinhedos, Stuttgart era, à época de Schiller, ao lado de Viena e Würzburg, um dos principais centros de vinicultura do Sacro Império Romano de Nação Germânica. A importância dessa produção perdura, aliás, até hoje; os vinhedos que encobrem os morros nas cercanias da cidade podem ser vistos do centro e fazem, portanto, parte da vida urbana.
Mas quem pensar no poeta ao descobrir uma garrafa de Schillerwein se engana. O nome do vinho, composto de uvas brancas e tintas, deriva da palavra schillern e deve-se ao seu brilho cintilante ao ser despejado numa taça. Esta constatação nada muda, porém, no fato de que Schiller – mesmo que não fosse um bom vivant como seu contemporâneo Goethe – era um grande apreciador de vinho.
A capital de Baden-Württemberg, que foi amplamente destruída na Segunda Guerra e não tem hoje quase nenhum edifício da época de Schiller, também oferece aos visitantes este ano um vasto programa em homenagem ao poeta.