Vidal: a peça que faltava no esquema de Guardiola
29 de julho de 2015Arturo Vidal trocou a Juventus pelo Bayern de Munique e assinou um contrato de quatro anos com os atuais tricampeões alemães. Ao todo, a equipe de Turim receberá no mínimo 35 milhões de euros pela transferência – já que cláusulas condicionadas ao desempenho do atleta citam um pagamento extra ao clube italiano em caso de conquista de títulos.
E justamente por sonhar com a conquista de uma Liga dos Campeões que o volante chileno se juntou ao poderoso elenco bávaro. "Na última temporada não faltou muito para conquistar a tríplice coroa. Espero que agora consiga alcançar o topo em todas as três competições. Esta tem que ser a meta", disse Vidal, que levantou os troféus do Campeonato Italiano e da Copa da Itália, mas perdeu a final da Liga dos Campeões para o Barcelona.
E com a soma de 35 milhões de euros, Vidal é a terceira contratação mais cara da história do Bayern de Munique – atrás somente do volante espanhol Javi Martínez, que deixou o Athletic Bilbao por 40 milhões de euros em 2012, e de Mario Götze, que custou 38 milhões aos cofres bávaros.
Em quatro anos, uma guinada
E como os tempos mudam. O Bayern de Munique já havia tentado a contratação de Vidal em 2011, quando o chileno atuava pelo Bayer Leverkusen. Na época, Vidal estava apalavrado com o Bayern, e sua transferência ao futebol italiano irritou a direção do clube bávaro.
"Este é o tipo de jogador que eu não teria no Bayern", disse o chefe-executivo do clube bávaro, Karl-Heinz Rummenige, em 2011. Quatro anos depois, ele conhece a verdade por trás do fracasso da contratação. "O Leverkusen queria evitar que ele se transferisse para nós e falaram que o jogador não queria jogar pelo Bayern, mas isso não era verdade", relembra.
A chegada de Vidal, que vem para preencher a lacuna deixada pela saída de Bastian Schweinsteiger, pode marcar uma mudança no estilo de jogo da equipe comandada por Pep Guardiola. O chileno temperamental pode ser justamente a peça que estava faltando no quebra-cabeça tático de Guardiola, que quer conquistar o principal título europeu em seu último ano de contrato com o Bayern de Munique.
Vidal tem 69 partidas pela seleção chilena e foi peça fundamental na conquista da Copa América, em julho. O volante de 28 anos acumulou experiência desde que deixou o Bayer Leverkusen, em 2011, conquistando quatro campeonatos italianos consecutivos e chegando à final da Liga dos Campeões na última temporada.
Ideal para filosofia "bielsista"
Guardiola sempre foi um admirador do futebol de alta pressão do Chile, anteriormente sob comando de Marcelo Bielsa e agora treinado por Jorge Sampaoli, que levou o país andino ao seu primeiro título da Copa América. Sampaoli, por sinal, se classifica como um "bielsista" – um termo dado àqueles que compartilham os princípios do ex-treinador argentino, ou seja, um futebol de alta pressão e com muitas trocas de posições, mantendo um jogo mais fluente.
Vidal possui uma característica de jogar de forma muito intensa, quase destrutiva, mas também gosta de aparecer na grande área adversária. O diretor de futebol do Bayern de Munique, Matthias Sammer, estava certo ao mencionar a flexibilidade de Vidal como parte de seu conjunto de habilidades.
Se Guardiola está realmente buscando moldar o Bayern conforme a seleção chilena, Vidal poderia exercer a função de meio-campista mais aberto pelas pontas, algo que tentou com Götze, nas ausências de Robben e Ribéry.
O caos que gera criatividade e liberdade
No entanto, em seus quatro anos na Juventus, Vidal atuou mais como brigador entre as duas grandes áreas, num meio-campo composto por três jogadores, incluindo Andrea Pirlo. O chileno oferece uma opção mais direta e é, essencialmente, aquele jogador que chega como elemento surpresa no ataque.
No ano passado, numa entrevista a uma página especializada em futebol, Guardiola disse que uma equipe precisa de um jogador mais "caótico", mas que possa a habilidade de criar soluções e opções durante uma partida. "E há aqueles que causam o caos. Eles podem criar absolutamente tudo, e o treinador não pode controlar isso. Você não pode limitá-los. Você precisa de ambos. Eles são parte do jogo", disse então.
E talvez este jogador mais "caótico" seja exatamente o que o Bayern de Munique precisa para voltar a conquistar a Europa.