Violência aumenta após ataque matar membros do governo na Síria
19 de julho de 2012A violência aumentou ainda mais na Síria depois de um atentado matar membros da liderança do país. Na manhã desta quinta-feira (19/07), ao menos 13 pessoas foram mortas, de acordo com informações de ativistas. Na capital, prosseguem os ataques contra posições rebeldes, incluindo o uso de artilharia pesada e helicópteros, conforme relatos de opositores.
As informações sobre o número de novas vítimas civis e militares em toda a Síria na quarta-feira são desencontradas. A organização Observadores de Direitos Humanos na Síria contabilizou 130 mortos, incluindo 52 soldados das tropas do governo. O Comitê Geral da Revolução Síria citou mais de 200 vítimas. A maioria delas teria morrido num ataque das forças governamentais num bairro de Damasco.
Reino Unido e Alemanha pediram sanções imediatas das Nações Unidas contra Damasco. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, apelaram especialmente para que a Rússia, que tem poder de veto, desista de sua rejeição a medidas contra o governo sírio.
"A mensagem ao presidente russo, Vladimir Putin, é que, para o Conselho de Segurança, chegou a hora de impor sanções claras e duras", afirmou Cameron em Cabul. Até agora, Rússia e China conseguiram, com seu poder de veto, impedir a aprovação de diversas resoluções contra a Síria no Conselho de Segurança.
Já Westerwelle disse que a Rússia deve ser convencida de que seus interesses estratégicos não estão em perigo caso o país retire sua proteção sobre o Estado sírio.
Por meio de um porta-voz, o governo dos Estados Unidos disse que o atentado e as inúmeras deserções comprovam que o presidente sírio, Bashar al-Assad, está perdendo o controle sobre o país.
Ban cobra medidas efetivas
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou "firmemente" o ataque suicida contra representantes da liderança de Damasco. Um porta-voz disse na quarta-feira que o ataque que matou três membros do primeiro escalão do regime sírio mostra "a necessidade absoluta" de um cessar-fogo na Síria. Ao mesmo tempo, Ban se disse "muito preocupado" com o uso de armas pesadas pelo exército sírio na capital do país. Ele exigiu, como consequência ao ataque em Damasco, medidas efetivas contra a violência.
Na quarta-feira, um ataque a bomba reivindicado pelo Exército Livre Sírio matou o ministro da Defesa da Síria, general Daud Rayiha, o cunhado do presidente Bashar al Assad, Assef Shavcat, que era vice-ministro e ex-chefe do serviço militar de inteligência, além do chefe do núcleo de repressão aos rebeldes, general Hassan Turkmani. O atentado ainda deixou gravemente ferido o ministro sírio do Interior, Mohammed al Shaar, entre outras pessoas. Desde o início do levante contra Assad em março de 2011, essa foi a primeira vez que integrantes do governo foram mortos.
Nova proposta no Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança da ONU vota nesta quinta-feira uma nova proposta de resolução sobre o conflito na Síria. A proposta, levada por Reino Unido, EUA, França, Alemanha e Portugal, prevê novas sanções, caso a liderança síria não siga o plano de paz do enviado especial da ONU, Kofi Annan. A Rússia quer evitar a aprovação da resolução com o seu veto, se necessário.
Putin e o presidente dos EUA, Barack Obama, concordaram em cooperar na questão, durante um telefonema na noite de quarta-feira, de acordo com a Casa Branca. O Kremlin, no entanto, também salientou que continua havendo "diferenças" entre os governos de Washington e Moscou. A Rússia apoia a prorrogação do mandato dos cerca de 300 observadores da ONU na Síria, que expira na sexta-feira.
MD/dpa/rtr/afp
Revisão: Alexandre Schossler