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Violência contra opositores continua na Síria mesmo com plano de paz

29 de março de 2012

Confrontos e mortes são registrados na Síria um dia após o anúncio de que Bashar al Assad concordou com o plano de paz. Comissária de direitos humanos da ONU diz que há provas para levar o presidente ao tribunal de Haia.

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Foto: AP

A violência estatal contra a oposição continua na Síria, mesmo após o anúncio de que o presidente Bashar al Assad concordou com o plano de paz proposto pelo enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan.

Ao menos 21 pessoas foram mortas pelas forças sírias, que utilizaram tanques para atacar a cidade de Qalaat al Madiq e outras áreas nesta quarta-feira, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos em Londres.

Assad não tomou as providências necessárias para implementar o acordo de paz elaborado por Annan, disse Victória Nuland, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Ela disse que o governo está preocupado com a continuidade dos crimes e das prisões na Síria e vai manter a pressão sobre Assad. "Nós vamos julgá-lo pelos seus atos e não pelas suas promessas", acrescentou.

O plano de paz prevê, entre outros pontos, o fim da violência por ambas as partes, o livre acesso para a ajuda humanitária e o início de um diálogo político entre o regime e seus opositores.

"Se o regime levar a sério o acordo, os tanques deveriam desaparecer das ruas e prisioneiros políticos teriam que ser libertados, mas nada disse aconteceu", afirmaram os principais grupos opositores, reunidos em Istambul.

Provas suficientes

Para a alta comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, existem provas suficientes para apresentar acusações de violação dos direitos humanos contra o presidente sírio. O Exército sírio utiliza armamento pesado contra civis em áreas densamente povoadas, o que é crime conforme as leis internacionais, afirmou Pillay à emissora britânica BBC, num programa gravado ainda antes do acordo de paz.

"Temos evidências suficientes que apontam para o fato de que muitos desses atos são cometidos pelas forças de segurança e devem ter recebido aprovação ou cumplicidade do mais alto nível do governo", comentou Pillay.

O papel do líder sírio como comandante das forças de segurança o deixa responsável pelas ações durante os confrontos, disse ela. "Assad pode simplesmente ordenar o fim da violência e as mortes cessarão", completou.

Pillay também falou da existência de evidências de que o regime tortura crianças sistematicamente em sua tentativa de acabar com a resistência. Centenas de crianças são detidas e torturadas, afirmou. "É simplesmente horrendo."

Segundo Pillay, já há provas suficientes para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas entre com uma ação no Tribunal Penal Internacional, em Haia. A ONU estima que 9 mil pessoas já foram mortas nos confrontos na Síria.

KR/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler