Dois no mesmo dia
15 de junho de 2011O governo alemão enviou duas missões diplomáticas no mesmo dia para Israel e os territórios palestinos nesta terça-feira (14/06). Enquanto o ministro da Ajuda ao Desenvolvimento, Dirk Niebel, foi à Faixa de Gaza para debater investimentos alemães, o ministro do Exterior, Guido Westerwelle, esteve na Cisjordânia e em Israel para reforçar a participação alemã no processo de paz no Oriente Médio.
Westerwelle tentou dissuadir a Autoridade Palestina dos planos de obter o reconhecimento do Estado palestino nas Nações Unidas. "Passos unilaterais, dados agora, podem ser bem intencionados", disse o ministro. "Mas, se avaliarmos bem, há o grande risco de que eles levem a um acirramento da situação."
Papel da Alemanha
Essa posição segue a linha oficial adotada pela União Europeia – e também a posição dos Estados Unidos –, mas afasta a Alemanha de outros membros do bloco, notadamente a França, que demonstram simpatia pelos planos palestinos.
De qualquer forma, é sempre possível debater a importância e o impacto da Alemanha nesse conflito. O passado recente do país pode sugerir que a Alemanha não é um ator adequado para negociações com Israel. O cientista político Yossi Mekelberg, do think tank britânico Chatham House, afirma que o papel da Alemanha é fundamental, mesmo que seja apenas por razões econômicas.
"Quem for usar o passado da Alemanha para questionar o seu papel atual o estará fazendo por motivos táticos, não por razões práticas ou estratégicas", argumenta. "Se um acordo for assinado, a União Europeia vai ajudar a financiar esse acordo, e a Alemanha, como uma das maiores economias, se não a maior, vai assumir uma parte dessa carga."
Ajuda ao desenvolvimento
Motivos dessa natureza levaram o ministro Niebel à Faixa de Gaza – ele foi acompanhar investimentos na região. A Alemanha está investindo cerca de 90 milhões de euros para ajudar a desenvolver o abastecimento de água de Gaza e outros projetos de infraestrutura.
Niebel destacou ainda uma outra área que a Alemanha considera crucial. "O mais importante é a educação. Em cooperação com as Nações Unidas, prometemos construir mais duas escolas para 4.500 crianças, para dar a esses estudante uma chance, por um lado, e por outro para que eles não fiquem dependentes dos professores do Hamas, frequentemente a única alternativa que elas têm", considerou.
No momento, tudo isso pode ser apenas uma pequena contribuição. É verdade que a economia palestina está crescendo, mas somente na Cisjordânia. Estudos divulgados recentemente pela ONU afirmam que o desemprego em Gaza chega a 45% – uma situação que alimenta as forças extremistas.
Diante desse cenário, a pressão dos palestinos por independência é certamente um risco, mas a Autoridade Palestina decidiu que vale a pena enfrentá-lo – até mesmo de forma unilateral.
Autor: Ben Knight (as)
Revisão: Nádia Pontes