Voto decisivo para a UE
22 de abril de 2007É grande a expectativa na União Européia em relação ao resultado final da eleição presidencial francesa, que será definido em 6 de maio próximo entre o conservador Nicolas Sarkozy e a socialista Ségolène Royal, que passaram pelo primeiro turno neste domingo (22/04).
Na Alemanha, que exerce a presidência rotativa da UE, o que mais se espera é que o sucessor (ou a sucessora) de Jacques Chirac consiga acabar com a rejeição dos franceses a Bruxelas, Estrasburgo e ao projeto de Constituição européia.
Sarkozy e Royal pelo menos têm uma coisa em comum: ambos votaram pela Constituição européia, no plebiscito de 29 de maio de 2005, em que a maioria dos franceses disse "não" e pôs a UE em xeque.
França fraca
"Desde então, a França não tem mais a função de motor da Europa. Uma França fraca enfraquece toda a UE. Isso é catastrófico para meu país e para a Europa", disse o eurodeputado socialista francês Pierre Moscovici à Deutsche Welle.
Segundo Moscovici, a França precisa de um presidente que reconcilie seu país com a Europa, que defenda posições claramente favoráveis à integração européia. "Acredito que, neste sentido, Ségolène Royal é a melhor opção", afirmou.
A eleição deste ano marca uma troca de gerações na política francesa e, pela primeira vez, uma mulher tem a chance de chegar à presidência do país.
Novo plebiscito?
Royal prometeu na campanha eleitoral "uma Europa que melhore a condições de vida de todos". Ela quer ampliar o fracassado projeto constitucional com uma carta social, para tirar dos franceses o medo de uma Europa neoliberal. Se vencer o pleito, em 2009 ela pretende realizar um novo plebiscito sobre a Constituição européia.
Em Bruxelas, no entanto, este plano é considerado inviável. Primeiro, porque Royal planeja mudar um texto já aprovado por 18 dos 27 países-membros da UE. Segundo, porque o futuro do bloco dependeria de novo de um plebiscito francês.
Por isso, os social-democratas europeus não escondem sua simpatia por uma vitória de Sarkozy, que prometeu procurar um caminho para evitar um novo referendo e tentar aprovar um "tratado simplificado" pela via parlamentar.
Esta solução é considerada negociável por muitos chefes de Estado e de governo europeus, inclusive pela conservadora chanceler federal alemã Angela Merkel. Mas existe o perigo de que Sarkozy, caso eleito, não consiga impor esse caminho, porque milhões de franceses o acusariam de desrespeitar a vontade popular.
Locomotiva da UE
Merkel têm dois motivos para acompanhar de perto a eleição francesa: primeiro, ela quer resolver o impasse constitucional da UE. E isso é impossível sem o apoio de Paris.
Segundo, a França é o principal parceiro comercial da Alemanha. Empresas alemãs exportaram produtos no valor de 86 bilhões de euros para o mercado francês em 2006. Juntos, os dois países formam a locomotiva da UE, que só funciona bem quando há sintonia também nas relações políticas bilateriais.