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Wolfowitz assume comando do Banco Mundial

(ds/gh)1 de junho de 2005

James Wolfensohn é sucedido na presidência do Bird por Paul Wolfowitz, um dos arquitetos da Guerra no Iraque, criticado por organizações não governamentais e especialistas em desenvolvimento.

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Novo presidente do Bird já foi muito criticado antes de tomar posseFoto: AP

Termina nesta quarta-feira (1º/06) o mandato de James Wolfensohn na presidência do Banco Mundial (Bird). Enquanto o jurista australiano naturalizado norte-americano se despede após dez anos no cargo com a fama de ter melhorado a imagem da instituição, seu sucessor, Paul Wolfowitz, assume com o rótulo de ter sido um dos arquitetos da Guerra no Iraque e de ser um advogado dos interesses dos Estados Unidos.

James Wolfensohn entra para a história do Bird como um amigo dos pobres. Na África, ele é mais popular do que muitos estadistas nacionais. Ele recebe boas notas dos especialistas em desenvolvimento em todo o mundo.

Heidemarie Wieczorek-Zeul
Heidemarie Wieczorek-Zeul, ministra alemã da Cooperação Econômica, elogia WolfensohnFoto: AP

Segundo a ministra alemã da Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczoreck-Zeul, "Wolfensohn abriu o Banco Mundial, orientando-o para o combate à pobreza. Ele próprio é um defensor da paz, tolerância e cooperação mundial. Na minha opinião, ele é uma das poucas lideranças globais que desfrutam de confiança em todos os continentes".

Balanço positivo

Wolfensohn buscou sempre um equilíbrio de interesses entre o Primeiro e o Terceiro Mundo, entre defensores e opositores da globalização. Ele procurou o diálogo tanto com organizações não governamentais quanto com chefes de Estado e de governo.

Num balanço dos seus dez anos à frente da instituição, ele disse que se orgulhava de ter aumentado a cooperação do banco com os países onde financia projetos e de ter reduzido a burocracia dentro da instituição. "Tenho a impressão que o Banco Mundial se tornou uma instituição coesa, movida pelo sentimento de compaixão por outros e cujos funcionários sabem que não só o dinheiro é importante, mas também seus conhecimentos e suas expertises, cujo caráter hoje é bem melhor reconhecido", disse.

Nos últimos dias de seu mandato, Wolfensohn ainda criticou a falta de compromisso dos países ricos com as Metas do Milênio da ONU e advertiu que o problema precisa ser enfrentado com urgência. Ele disse que não se trata de uma questão de escassez de recursos, mas de falta de comprometimento dos países ricos, que hoje destinam apenas 0,25% do seu orçamento para projetos de desenvolvimento nos países mais pobres.

Alfinetada no sucessor

IMF und IWF James Wolfensohn und Horst Köhler
Wolfensohn (e) com o atual presidente alemão, Horst Kohler, quando este ainda era diretor do FMI, em 2003Foto: AP

Wolfensohn também comparou a discrepância entre os gastos militares e os recursos destinados ao desenvolvimento. Ele exemplificou que os Estados Unidos destinam US$ 1 trilhão por ano às armas, US$ 300 bilhões para os subsídios ao comércio e apenas US$ 50 bilhões a US$ 60 bilhões para a ajuda ao desenvolvimento nos países pobres.

Esta observação pode ser interpretada como uma alfinetada em seu sucessor, Paul Wolfowitz, linha-dura do governo americano, cuja indicação foi muito criticada por organizações e especialistas em desenvolvimento. Ele é acusado de ser um mero defensor dos interesses norte-americanos. Em inúmeras reuniões com os "governadores" do Bird, com os europeus e com representantes de organizações não governamentais, ele já tentou melhorar sua aceitação antes de assumir o cargo.

"Acredito que, em se tratando do combate à pobreza, todos estamos de acordo quanto aos objetivos. Tenho boa capacidade de ouvir e vou ouvir muito", avisou. Wolfowitz é considerado extremamente inteligente, mas sua experiência com ajuda ao desenvolvimento se restringe ao período em que foi embaixador dos EUA na Indonésia.

"Figura controversa"

Sob seu comando, o Banco Mundial deverá tomar importantes decisões nos próximos anos, por exemplo, se o Bird futuramente deve conceder mais subsídios e não apenas empréstimos. Que fontes de recursos poderão compensar a redução dos orçamentos dos países industrializados para a ajuda ao desenvolvimento? E até que ponto a qualidade dos governos nacionais se tornará um critério para futuro apoio do Bird.

São questões sobre as quais há divergências entre os países-membros da instituição. Além de disposição para concessões e habilidade para o diálogo, Wolfowitz também terá de demonstrar determinação, uma característica que ele aprendeu em seus anos na Secretaria de Estado norte-americana.

Na campanha para obter o apoio europeu à sua indicação, ele disse em Bruxelas que está totalmente comprometido com "a nobre missão" do Banco Mundial de ajudar as pessoas a sair da pobreza. "Eu entendo que sou, dizendo de forma amena, uma figura controversa, mas espero que, na medida em que as pessoas me conheçam, elas vão entender que eu realmente acredito profundamente na missão do Banco", disse. É esperar para ver.