World Wide Web completa 25 anos
20 de dezembro de 2015Perto de Genebra, na Suíça, o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) oferece oportunidades únicas de pesquisa para físicos de todo o mundo. Com imensos equipamentos instalados num túnel circular de 27 quilômetros de comprimento cavado a cem metros abaixo do solo, os cientistas aceleram partículas a um nível extremamente elevado de energia para, por meio de colisão, formar novas partículas nucleares.
Ciência nessas dimensões é tão cara que é necessária a cooperação de vários países. Cientistas visitantes realizam experimentos no Cern e, em seguida, retornam aos seus países a fim de avaliar os dados.
Tim Berners-Lee, um físico e cientista britânico de computação, foi recrutado na década de 80 para trazer ordem ao caos de diferentes sistemas de computadores, redes, sistemas operacionais e bancos de dados no Cern.
Tudo conectado
"As pessoas trouxeram seus dispositivos e seus hábitos. Em seguida, as equipes voltavam para casa e tinham que continuar trabalhando juntas, mas vivendo em diferentes fusos horários e falando línguas diferentes. Em toda essa diversidade o Cern era um microcosmo do resto do mundo", escreveu Berners-Lee em seu livro Weaving the Web (Tecendo a web, em tradução livre).
Berners-Lee colocou tudo sob o mesmo teto. "Em princípio, tudo já estava lá. Eu apenas juntei as peças", afirma o britânico, atualmente. Em 20 de dezembro de 1990, na Suíça, ele publicou a primeira página de internet do mundo: info.cern.ch. Neste link, há uma cópia do primeiro site.
A internet propriamente dita tem bem mais do que 20 anos. Já no início dos anos de 1960 foram estabelecidas as bases da atual rede mundial. Os militares americanos queriam criar uma rede de computadores para a transferência segura de dados.
A transmissão de dados deveria funcionar mesmo em caso de um ataque nuclear. O resultado foi chamado de Arpanet, uma rede que interligava somente alguns computadores.
Quase todo mundo usa a World Wide Web
Atualmente, páginas na internet – os sites – se tornaram algo óbvio. De acordo com a associação alemã das firmas de informação e comunicação Bitkom, cerca de 86% das empresas com mais de dez empregados possuem presença própria na internet. Por outro lado, apenas 43% das companhias com menos de dez trabalhadores estão representadas com páginas digitais.
"Em todo o mundo mais de três bilhões de pessoas usam a internet. Além disso, as pessoas estão cada vez mais abrindo suas próprias páginas pessoais", afirmou o CEO da Bitkom, Bernhard Rohleder.
De longe, o sufixo mais comum em endereços de páginas na internet é o ".com": o chamado domínio de nível superior está registrado 120 milhões de vezes. Numa comparação global, o domínio alemão (".de") ocupa a segunda posição com 16 milhões de páginas. Para aumentar o número de endereços atraentes e memoráveis, a entidade responsável ICANN aprovou no final de 2013 a abertura de mais domínios.
Atualmente, existem mais de mil terminações diferentes de endereços de internet – inclusive sufixos do tipo ".pizza", ".ninja" ou ".kiwi". Na Alemanha, os domínios regionais são particularmente populares. Assim sendo, existem cerca de 69 mil endereços ".berlin", quase 25 mil com ".köln", além de mais de 31 mil ".bayern" e cerca de 23 mil que terminam em ".hamburg".
O que começou com uma simples página criada por Berners-Lee, tornou-se uma gigantesca indústria. Somente na Alemanha, 80% dos cidadãos acima de 14 anos utilizam a World Wide Web. Até mesmo para uma grande parcela de pessoas mais idosas a internet é algo natural: 84% dos cidadãos alemães entre 50 e 65 anos e 37% das pessoas acima de 65 anos usam a internet.
"Não é obrigado a ler qualquer bobagem"
"Aquilo que eu fiz, qualquer um poderia ter feito", escreveu Berners-Lee em seu livro. "A ideia de lançar a World Wide Web foi como jogar um fósforo num celeiro cheio de palha. A web tem se espalhado porque muitas pessoas ajudaram vigorosamente para que ela fosse aceita."
Em 1994, Berners-Lee fundou o Consórcio World Wide Web (W3C) no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, nos EUA. Em muitas ocasiões, ele é perguntado se não estaria desapontado com o fato de a internet ter se tornado um produto tão comercial.
O físico, que recebeu o título nobiliárquico britânico de "Sir", afirma que não: "A internet deve ser um espaço universal – não se pode excluir nenhuma área. Muitos questionam se não estou desapontado com a quantidade de tolices que há na web. Mas ninguém é obrigado a ler tudo. A internet, em grande parte, é apenas um reflexo da vida".