Crise grega
8 de maio de 2010Os problemas que levaram os líderes dos países da zona do euro a semanas de difíceis negociações pareceram ser detalhes de menor importância na cúpula extraordinária realizada em Bruxelas na madrugada de sexta para sábado (08/05). Eles finalmente concordaram com o pacote de ajuda à Grécia de 110 bilhões de euros, dos quais 80 bilhões serão disponibilizados pelos países da zona do euro e 30 bilhões pelo FMI.
Entretanto, o problema já não é só a Grécia. Para o primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, a questão é "proteger a estabilidade da nossa moeda comum e também a estabilidade da própria Europa".
Até que ponto a situação do euro preocupa?
Já ficou claro que o pacote de ajuda não é suficiente. Nos últimos dias, não só os países da zona do euro enfrentaram problemas. As bolsas também caíram significativamente, mesmo fora da Europa. Até os Estados Unidos, Japão e Austrália apelaram para que europeus adotem medidas complementares.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, falou de "uma situação grave"; o presidente francês, Nicolas Sarkozy, de uma "crise sistêmica" do euro; o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, de um "estado de emergência". Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, vê um "ataque global organizado contra o euro".
Mais uma reunião extraordinária
A reunião de cúpula apresentou uma reviravolta dramática, produzindo decisões muito mais extensas do que se pensava inicialmente.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse, com uma expressão bastante séria: "Verificamos que ainda há um alto grau de especulação contra o euro, como um todo". Por isso, eles decidiram consolidar os orçamentos de forma acelerada, lutar juntos "contra os especuladores" e regular os mercados financeiros mais rigidamente. A declaração final fala em um "mecanismo europeu de estabilização".
Os detalhes estão sendo discutidos neste domingo pelos ministros das Finanças dos 27 países da UE, e não só pelos países da zona euro, o que é mais um sinal da gravidade da situação. Juncker acredita que o mecanismo de administração da crise pode ser criado no âmbito dos acordos.
A Comissão apresenta até este domingo propostas para um fundo de emergência destinado a outros países que venham a ser ameaçados por uma crise financeira. Há informações de que o fundo será de 70 bilhões de euros. Ao contrário do caso da Grécia, entretanto, este será gerido pelo bloco.
Custe o que custar
"Vamos defender o euro, custe o que custar", prometeu o presidente da Comissão, José Manuel Barroso.
No decorrer da madrugada, surgiram rumores sobre um suposto bate-boca entre Merkel e Sarkozy em torno das próximas medidas a serem tomadas. E Sarkozy pareceu confirmar indiretamente o desentendimento, ao falar na coletiva posterior à reunião. "A Europa precisa de um eixo franco-germânico muito sólido e determinado. Não temos escolha, é um dever. Não há alternativa", observou.
Mas, aparentemente, eles conseguiram chegar a um ponto em comum. O presidente francês se destaca pelas experiências em momentos de crise. Ele apelou por uma "mobilização geral" para salvar a moeda comum e mandou um aviso aos mercados. "Na segunda-feira, quando os mercados forem abertos, a Europa vai estar pronta para defender o euro".
Autor: Christoph Hasselbach (md)
Revisão: Nádia Pontes