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À beira da loucura: 4 milhões sofrem de depressão na Alemanha

Laís Kalka23 de novembro de 2001

A depressão e doenças psíquicas em geral, nem sempre diagnosticadas corretamente pelos médicos, afetam um número cada vez maior de pessoas.

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Reunidos em congresso da Sociedade Alemã de Psiquiatria, Psicoterapia e Neurologia (DGPPN), em Berlim, os especialistas alertam para a propagação cada vez maior das doenças psíquicas entre a população. Elas estão a ponto de superar as dores nas costas como causa número um das aposentadorias por motivos de saúde, afirma Jürgen Fritze, diretor da DGPPN.

De 25% a 30% das pessoas sofrem pelo menos uma vez na vida de distúrbios psíquicos que exigem cuidados médicos. Mesmo os adolescentes são suscetíveis a depressões, ataques de pânico, distúrbios psicossomáticos e alimentares: segundo um estudo de longo prazo realizado em Munique pelo Instituto Max Planck, 55% dos adolescentes entre 14 e 17 anos já foram afetados por alguma perturbação dessa espécie.

Continua havendo déficits no diagnóstico e na terapia dessas doenças, tanto por falta de preparo dos médicos quanto pelos preconceitos que cercam os males psíquicos, dificultando que os pacientes reconheçam e aceitem sua moléstia.

Os médicos especialistas constataram que há ciclos de dez anos nas doenças psíquicas, esclarece Mathias Berger, vice-presidente do congresso em Berlim. Nos anos 80, predominou a bulimia; na década de 90, síndromes pós-reumáticas; no momento, a depressão é o mal que mais avança.

Quatro milhões de depressivos

— Para Joachim Klosterkötter, diretor da Clínica de Psiquiatria e Psicoterapia da Universidade de Colônia, a depressão já assumiu proporções epidêmicas. Sem contar os casos leves e passageiros, quatro milhões de pessoas necessitariam de tratamento médico. Muitas se sentem "à beira da loucura". No entanto, ressalta, somente 1,3 milhão de casos são diagnosticados corretamente. Tratamento adequado, recebem apenas 250 mil pacientes.

"No fundo, trata-se de uma doença benigna, que acaba passando, mas em casos graves o suicídio é um perigo enorme", alerta Klosterkötter. Nesses casos, a internação na psiquiatria é indispensável. Quando não há gravidade acentuada, o tratamento com antidepressivos ajuda em 70% dos casos, assegura o especialista.

Algumas clínicas universitárias estão recorrendo a um tratamento novo, testado com sucesso: a chamada estimulação do nervo vago. Implanta-se, no tórax do paciente, uma espécie de marca-passo, do qual parte um fio elétrico para o nervo vago, no pescoço. Através dele, impulsos elétricos são conduzidos para o cérebro, onde atuam sobre a região específica que tem participação no surgimento da depressão.