Chávez associa Merkel ao fascismo
12 de maio de 2008A chanceler federal alemã, Angela Merkel, recusou-se nesta segunda-feira (12/05) a alimentar uma polêmica com o presidente venezuelano Hugo Chávez, que havia dito no domingo que a premiê "pertence à mesma direita que apoiou Hitler e o fascismo".
Por meio do porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, a chanceler federal disse apenas que não tinha nada a acrescentar sobre o que já havia dito anteriormente a respeito de Chávez. Numa entrevista à agência de notícias DPA, Merkel dissera que o presidente venezuelano não fala em nome da América Latina.
Merkel disse ainda que a política externa alemã se ocupou pouco da América Latina nos últimos anos, apesar de a região passar por um momento de crescimento econômico. "Os países da América Latina são importantes parceiros políticos e econômicos", destacou.
As declarações de Chávez foram feitas às vésperas da primeira viagem de Merkel à América Latina, que se inicia nesta terça-feira, e poucos dias antes da 5ª Cúpula União Européia-América Latina. A reunião de chefes de Estado e de governo ocorrerá na sexta-feira e no sábado em Lima, capital do Peru.
Mais provocações
Merkel havia dito que não vê no "nacionalismo esquerdista" de Chávez um modelo para a melhoria das condições sociais na América Latina. Ela disse que a posição do presidente venezuelano não vai afetar as relações entre europeus e latino-americanos a longo prazo.
"O presidente Chávez não fala pela América Latina. Cada país tem sua própria voz, com a qual persegue seus interesses. Também o povo venezuelano tomou uma posição com o 'não' no referendo", afirmou Merkel. No referendo de dezembro passado, os venezuelanos recusaram uma alteração constitucional que, na prática, conferia quase plenos poderes ao presidente.
No programa de televisão Aló Presidente, Chávez disse ainda que não sabe se participará da cúpula de Lima. Ele voltou a provocar a chanceler alemã perguntando se ela também o mandaria calar a boca caso fosse ao encontro.
Foi uma referência às palavras do rei espanhol Juan Carlos durante a Cimeira Ibero-Americana, no Chile, em 2007. O monarca reagiu dessa maneira às várias intervenções de Chávez durante um discurso do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.