100 dias de Magufuli na Presidência da Tanzânia
12 de fevereiro de 2016Esta sexta-feira (12.02), John Pombe Magufuli assinala 100 dias de presidência. Ao longo deste tempo, não teve medo de assustar a classe política ao limitar os seus privilégios: restringiu viagens áreas, acabou com delegações governamentais e pomposas comemorações são para evitar – como ficou visível quando cancelou as celebrações do dia da independência, a 9 de dezembro.
"O último Governo parecia ausente, as pessoas faziam o que queriam. Havia uma aversão a pagar impostos. Mas este Presidente trouxe-nos a terapia de choque de que nós precisávamos", afirma o jornalista e analista Attilio Tagalile. "Ele teve sucesso tanto na recolha de receitas como em mostrar que o país tem um Governo", sublinha.
No combate à corrupção, Magufuli já afastou alguns funcionários. E as medidas de austeridade estão a trazer-lhe reconhecimento no seio da população, como testemunha o ouvinte Adam Ihucha. "Estou bastante impressionado com a forma como ele está a gerir o Governo, principalmente em termos de recolha de receitas, a fim de beneficiar a Tanzânia em geral", afirma. "Nunca vimos isso em 100 dias de mandato. Surpreende-me porque nem sempre é fácil para os presidentes africanos cumprirem as suas promessas eleitorais em 100 dias".
Magufuli está a ir longe de mais?
A reputação de John Pombe Magufuli vem de trás: de vários anos como membro do Partido para a Mudança (CCM, no poder) e da sua experiência no Governo, por exemplo, como ministro da Construção, que lhe valeu a alcunha de "bulldozer".
No entanto, para alguns, em pouco mais de três meses de mandato, o Presidente está a ir longe de mais. "Governar um país não é palco para uma só pessoa. Ele poderia fazer melhor se assegurasse que todas as instituições governamentais estão a fazer o seu trabalho de acordo com as leis e a constituição, mas sem interferir no seu trabalho", afirma Muhammad Yussuf, do Instituto de Zanzibar para a Investigação e Políticas Públicas.
Também a investigadora Mlagiri Kopoka aponta críticas. "Há quem acuse o Presidente de se estar a tornar tão severo que o seu desejo de trazer mudanças está a gerar restrições que representam limites para a democracia no país".
Segundo a investigadora em comunicação social, o Governo também é acusado de limitar os meios de comunicação social, "ao proibir um jornal e ao filtrar as transmissões do Parlamento da televisão pública".
O Presidente da Tanzânia está, contudo, a chamar a atenção de outros países africanos. No Gana, por exemplo, o Governo anunciou recentemente um corte nas despesas e acabou com os voos em primeira classe para os ministros. Mas 100 dias de mandato é ainda pouco para se saber se John Pombe Magufuli poderá vir a ser um modelo para outros Estados africanos.