8% da dívida pública de Angola nas mãos de Israel
6 de junho de 2018Segundo informação disponibilizada aos investidores internacionais em maio, o Executivo angolano reconhece que o Governo de Israel, através da Companhia de Seguros de Risco de Comércio Exterior de Israel (ASHRA), tem vindo a assegurar alguns dos fornecedores daquele país a projetos angolanos.
Esse seguro envolve "riscos políticos", permitindo assim que os fornecedores israelitas solicitem financiamento para as exportações para Angola, junto de bancos comerciais.
A dívida pública angolana a Israel, que por país é a segunda maior, apenas atrás da China, ascende já a 3.000 milhões de dólares (2.560 milhões de euros), num total global de 38.300 milhões de dólares (32.700 milhões de euros).
Embaixador israelita desconhece números
Números que surpreendem o embaixador de Israel em Angola, Oren Rozenblat, como admitiu o próprio diplomata, em entrevista à agência Lusa, em Luanda. "Eu desconheço. Só sei de 250 milhões de dólares [210 milhões de euros] que o Estado de Israel deu para Angola, especialmente na área da agricultura. Sobre outros números, eu não sei. Não é dívida para com o Estado de Israel, com certeza", afirmou.
Ainda assim, o diplomata considera que Angola e Israel são "países amigos" e têm um caminho de cooperação para fazer, "especialmente na área da agricultura". Sobretudo quando Angola vive "em situação difícil", devido à crise do petróleo.
"Nós somos amigos também nas situações difíceis, queremos ajudar, dar dinheiro, especialmente na área da agricultura. Para nós é o futuro da cooperação entre os dois países", apontou Oren Rozenblat.
O grupo israelita LR tem sido um dos principais investidores no setor agrícola em Angola, através da empresa Vale Fértil, subsidiária angolana. O grupo anunciou em 2017 que pretendia investir 113 milhões de euros na instalação de uma unidade de transformação de fosfato na província do Zaire e uma produção anual acima das 330.000 toneladas de fertilizantes.
Lucunga, um projeto prioritáro
O Projeto Integrado de Exploração e Transformação de Fosfato do Lucunga (PIETFL) cuja primeira pedra foi lançada na localidade de Lucunga, município do Tomboco, é tido pelo Governo angolano como prioritário, tendo em conta as avultadas necessidades de importação de fertilizantes e a aposta na agricultura no processo de diversificação da economia, profundamente afetada pela queda nas receitas com a exportação de petróleo.
Envolve uma área de concessão de 504 quilómetros quadrados, onde se estima a existência de 215 milhões de toneladas de rocha fosfatada e jazigos na ordem de 71 milhões de toneladas, com teores de fosfato a rondar os 10%, de acordo com a mesma informação, que aponta ainda para um investimento privado na ordem dos 132 milhões de dólares (113 milhões de euros) até 2019.
No pico da produção, a partir de 2022, deverão ser garantidas 550 mil toneladas anuais, gerando receitas brutas superiores a 100 milhões de euros.