Alemanha e França suspendem ajuda à agência da ONU em Gaza
28 de janeiro de 2024A Alemanha e a França juntaram-se a uma lista crescente de países que suspenderam o financiamento da agência das Nações Unidas de ajuda aos refugiados palestinianos, a UNRWA, depois de Israel ter alegado que 12 membros daquele órgão estariam envolvidos no ataque de 7 de outubro protagonizado por militantes do Hamas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha afirmou que iria suspender o financiamento "de acordo com outros países" até que a investigação interna da UNRWA esteja concluída.
"Esperamos que o diretor da UNRWA deixe claro no seio da força de trabalho da agência que todas as formas de ódio e violência são totalmente inaceitáveis e não serão toleradas", afirmou o ministério nas redes sociais, no sábado (27.01).
Decisão francesa
Por seu turno, o Governo francês anunciou, este domingo (28.01), que "não prevê" uma nova doação de fundos para a agência das Nações Unidas de assistência aos refugiados palestinianos durante o primeiro semestre deste ano.
Apesar dessa decisão, o executivo de França garantiu que retomará a sua contribuição se "forem dados todos os requisitos de transparência e segurança" necessários.
A iniciativa segue-se a outros países como os Estados Unidos, o Canadá, o Reino Unido, a Itália, os Países Baixos, a Suíça, a Finlândia e a Austrália.
Cortes "ameaçam" trabalho humanitário
"Nove países suspenderam temporariamente, a partir de hoje, o financiamento da UNRWA", declarou o diretor da organização, Philippe Lazzarini, em comunicado.
"Estas decisões ameaçam o nosso trabalho humanitário em curso em toda a região, incluindo e especialmente na Faixa de Gaza".
Lazzarini disse que 2 milhões de pessoas em Gaza dependem da ajuda da UNRWA, e que esta operação está agora "em colapso".
Guterres defende trabalho humanitário da UNRWA
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, apelou aos países doadores para que "garantam a continuidade" da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).
"Embora compreenda as suas preocupações - eu próprio fiquei horrorizado com estas acusações - apelo veementemente aos Governos que suspenderam as suas contribuições para que, pelo menos, garantam a continuidade das operações da UNRWA", afirmou Guterres numa declaração este domingo.
A ONU disse que está a investigar as alegações de Israel de que cerca de uma dúzia de funcionários da UNRWA estiveram envolvidos no ataque terrorista do Hamas, que resultou na morte de mais de 1.100 pessoas e no sequestro de outras 240. A UNRWA emprega cerca de 13.000 pessoas em Gaza.
Guterres confirmou que dos 12 funcionários citados nas alegações, nove foram despedidos, um morreu e a identidade dos outros dois está a ser esclarecida.
Prometeu que "qualquer funcionário da ONU envolvido em atos de terror será responsabilizado, incluindo através de um processo criminal".
Ao mesmo tempo, afirmou que "as dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para a UNRWA, muitos dos quais em situações extremamente perigosas para os trabalhadores humanitários, não devem ser penalizados. As necessidades das populações desesperadas que servem devem ser satisfeitas".