Analistas minimizam falta de embaixador angolano em Lisboa
3 de maio de 2018Uma semana depois da exoneração do embaixador Marcos Barrica, João Lourenço ainda não nomeou o novo representante de Angola junto das autoridades portuguesas. Embora Angola já tenha indicado junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal o nome do sucessor de Marcos Barrica, desconhecem-se as razões da tardia nomeação do novo embaixador.
De acordo com o semanário Expresso, que cita fonte da Presidência angolana, a decisão deve-se à tensão nas relações entre Angola e Portugal, devido ao processo "Operação Fizz", que envolve o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente.
Analistas contactados pela DW África minimizam o assunto. Para o analista político Olívio Kalumbu, o importante é que existe um encarregado de negócios enquanto durar a ausência de um novo embaixador. "Portugal é um país tão estratégico para Angola tanto como Angola para Portugal, lembra.
"Quem vai nesta altura para Portugal tem de perceber a nova dinâmica e a nova visão diplomática do novo chefe de Estado angolano, de modo a tentar criar outro ambiente, diferente daquele que foi criado durante os nove anos que Marcos Barrica esteve lá como embaixador", considera Olívio Kalumbu
Morosidade normal
Augusto Bafuabafua, especialista em questões internacionais, diz que, embora não seja muito comum em diplomacia, não há qualquer gravidade na morosidade da nomeação de um novo embaixador. "O processo de nomeação não é sempre imediato. Pode demorar alguns dias e algumas semanas em função daquilo que é o processo interno", lembra o analista.
"O que não é muito comum é exonerar e deixar de cadeira vazia, embora eu tenha a informação de forma oficiosa que o próximo embaixador de Angola está numa formação", revelou à DW África.
O especialista em relações internacionais Augusto Bafuabafua acredita que as relações entre os dois países não podem ser mais abaladas do que já estão - apesar de o Presidente de Angola, João Lourenço, ter condicionado as relações com Portugal por causa do processo contra Manuel Vicente e em resposta o Governo português ter igualmente esclarecido que o assunto não era da sua alçada.
"Não vai haver política vazia. Não é possível no quadro das relações de amizade e da cooperação com outros estados, porque o certo a acontecer era mais fácil acontecer em janeiro ou no final do ano passado", argumenta.
O analista Olívio Kalumbu está convicto que nos próximos dias Angola poderá nomear um novo embaixador em Portugal. "Eu tenho muitas dúvidas que existam situações de má-fé ou de política de cadeira vazia", diz.
A DW África procurou, sem sucesso, ouvir o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto.