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Angola: O que fazer com a "almofada financeira" do petróleo?

Manuel Luamba
9 de março de 2022

O preço do petróleo sobe no mercado internacional com as sanções impostas à Rússia e terá impacto positivo nas contas públicas de Angola, dizem economistas. Para onde deve ser canalizado o excedente do crude do país?

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Angola Ölförderung vor der angolanischen Küste
Foto: Getty Images/AFP/M. Bureau

O preço do petróleo no mercado internacional continua a subir devido às sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, após a invasão à Ucrânia.

O barril está a ser comercializado acima dos 100 dólares, quando o Orçamento Geral do Estado (OGE) angolano fixou um preço de 55 dólares por barril. Para onde deveria ser canalizado o excedente do crude do país?

A questão está a gerar debate em Angola, mas o economista Nataniel Fernandes não tem dúvidas: parte do excedente do petróleo deve ser canalizado para abater a dívida externa.

"Se tivermos um grande excedente das receitas vindas do petróleo, poderíamos procurar diminuir aquilo que é a nossa dívida com o exterior e essa dimnuição poderia aliviar-nos em OGE futuros", diz o economista.

Também Nkinkinamo Tussamba, especialista em assuntos internacionais, concorda com a redução da dívida. Mas aponta outra prioridade: "Porque não fazer uma revisão do OGE, sendo que o atual foi aprovado a preço de 55 dólares? E hoje estamos a falar de 120, logo, era importante que o OGE aqui fosse revisto", considera.

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Nkinkinamo lembra ainda que Angola depende, essencialmente, das receitas provenientes do crude para cobrir as suas despesas. "É importante que Angola possa olhar para esta subida nesse momento e fazer um investimento no sector petrolífero", defende o especialista.

Mas há outros sectores para onde devem ser canalizados estes valores, diz Nataniel Fernandes, que se foca nas necessidades da área social.

"Temos muitas famílias carenciadas, o tecido social foi muito debilitado durante os últimos anos, também devido a políticas públicas que não foram as mais corretas e que levaram à asfixia de muitas famílias", afirma.

Já Solya "Lumumba", secretário provincial do Partido de Renovação Social (PRS), no Huambo, é da opinião de que estas verbas deveriam ser investidas no setor agrícola: "Para evitar a vergonha dos nossos irmãos, que estão a morrer no sul de Angola, no centro e em todo país por causa da fome, devia investir-se na agricultura".

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Apesar de vários economistas e analistas apontarem o impacto positivo do aumento do preço do petróleo nas contas públicas de Angola, a ministra das Finanças, Vera Daves, já deixou um alerta: "O preço atual obriga Angola a pagar mais aos seus credores internacionais".

Em causa, explicou, "acordos que determinam pagamentos mais altos com o aumento do preço do barril de petróleo".

Respondendo aos deputados no Parlamento, na semana passada, a ministra sublinhou que a "almofada financeira" que se esperava com a subida do preço será, por isso, menor do que se esperava.

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