Ataques com granadas contra deputados do Uganda
4 de outubro de 2017Segundo o deputado Moses Kasibante, uma granada foi atirada contra a sua casa no início desta semana. A polícia tratou o assunto como um caso isolado. No entanto, na terça-feira (03.10) foram atacados outros dois deputados: Allan Sewanyana e Robert Kyagulanyi.
Os parlamentares estão entre um grupo de 25 deputados que foram suspensos devido a um protesto contra um projeto de lei que prevê a suspensão do limite de idade para os candidatos à presidência.
O projeto de lei é visto como uma tentativa de permitir que o Presidente Yoweri Museveni prolongue a ocupação do cargo. Museveni, de 73 anos, governa o Uganda desde 1986, mas já não poderá concorrer à reeleição, em 2021, porque a Constituição do país coloca um limite de idade de 75 anos para os candidatos presidenciais.
Allan Sewanyana, Robert Kyagulanyi e outros deputados foram retirados com violência do Parlamento por agentes de segurança. Foram acusados de desrespeitar a ordem parlamentar, quando tentaram obstruir o processo, cantando repetidamente o hino nacional. Pelo menos dois deputados ficaram feridos nos confrontos - um deles continua hospitalizado.
Deputados sob ameaça
"Ninguém foi ferido ainda, mas não posso dizer que estamos seguros", contou à DW África Robert Kyagulanyi, que antes dos ataques com granadas já tinha sido ameaçado.
"Isto aconteceu depois de numerosas ameaças à minha vida - mensagens enviadas através de pessoas e telefonemas que tenho recebido. As ligações foram sempre anónimas, mas o objectivo era claro: eu deveria manter a minha boca fechada e parar de me opôr à campanha contra o limite de idade", relata o deputado, garantindo que nenhuma ameaça o impedirá de defender a Constituição.
"Estou com medo, mas não vou desistir. Sou um representante do povo", afirma o deputado Allan Sewanyana, cuja casa também foi atacada. A luta continua e cabe a todos os ugandeses proteger a Constituição do país, defende. "O que mostra a seriedade dessa luta são os ataques que começaram agora contra nós, especialmente ataques envolvendo armas", sublinha.
A polícia confirmou os ataques. O comandante da Polícia Metropolitana de Kampala, Frank Mwesigwa, disse aos jornalistas que as granadas destinam-se a causar medo e pânico.
"Estas são granadas de mão, mas com um efeito menos destrutivo. Acredito que o propósito é apenas causar medo".
O partido no poder no Uganda goza de uma esmagadora maioria na assembleia nacional e espera-se que o projeto de lei seja aprovado. O limite de mandatos presidenciais foi retirado da Constituição do Uganda em 2005.