Cabo Delgado: Aumentam preocupações com investimentos
25 de fevereiro de 2019Homens armados desconhecidos atacaram na última quinta-feira (21.02) uma caravana da empresa norte-americana Anadarko, envolvida no projeto de prospeção e exploração do gás na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. O ataque registou-se na estrada de Mocímboa da Praia para Afungi e resultou em seis feridos.
Um segundo ataque teve como alvo, no mesmo dia, uma viatura da empresa portuguesa Gabriel Couto, contratada para a construção de um aeródromo da Anadarko, e resultou num morto.
Estes foram os primeiros ataques armados contra alvos do consórcio liderado pela Anadarko desde que homens armados desconhecidos iniciaram incursões em Cabo Delgado, em outubro de 2017
No sábado (23.02), seis pessoas morreram e várias outras ficaram feridas na sequência de um novo ataque no distrito de Macomia, segundo a agência de notícias Lusa. As vítimas seguiam numa viatura de transporte de passageiros, que foi interceptada por um grupo armado a mais de 100 quilómetros do local onde a petrolífera Anadarko sofreu os dois ataques.
Em resposta, o ministro do Interior prometeu reforçar a presença das Forças de Defesa e Segurança na região, para travar novos ataques. Segundo Basílio Monteiro, serão destacadas unidades para os acampamentos das empresas envolvidas na exploração do gás.
"Temos convicção que consolidaremos o ambiente de segurança, não apenas nos acampamentos como também nos locais de trabalho destas empresas e outras conexas", afirmou o governante.
"Sabotagem económica"
Para o analista Egídio Vaz, os ataques em Cabo Delgado começam já a ter "uma feição de sabotagem económica ou, no mínimo, de sabotagem de prospetos económicos positivos", com os atacantes a visar alvos da Anadarko.
Na sequência do ataque de quinta-feira, a empresa anunciou a suspensão dos trabalhos de construção do aeródromo e restringiu as movimentações na zona. Sendo assim, segundo Egídio Vaz, "fica comprometido o prazo para a conclusão" do projeto e, em última análise, demorará mais tempo para que Moçambique possa começar a "tirar benefícios dos grandes investimentos."
Por outro lado, o analista considera que estes ataques podem também significar que as autoridades de segurança estão a apertar cada vez mais o cerco - e não necessariamente que que os atos de sabotagem estejam a ganhar terreno.
Ainda assim, o registo destes ataques é preocupante, conclui Egídio Vaz. "Apesar de, até agora, as atividades terroristas não serem suficientes para que as empresas desinvistam, julgo que esta sensação de insegurança influi na velocidade com que são tomadas as decisões" relacionadas com a implementação do projeto de exploração do gás, comenta.