Centro de Moçambique continua sob risco de inundações
28 de janeiro de 2022A província moçambicana de Sofala continua sob alerta de inundações e uma nova depressão cresce no oceano Índico, após a passagem da tempestade Ana que provocou pelo menos 20 mortos, anunciaram autoridades e organizações de socorro.
Apesar de a intempérie já ter passado, a proteção civil alerta: "O risco de inundações continua", sobretudo na província de Sofala, centro de Moçambique, porque as chuvas não pararam e continuam a alimentar bacias hidrográficas que ficaram acima dos níveis de alerta nos últimos dias.
Segundo as autoridades, os distritos em maior risco são os de Nhamatanda e Buzi, dois dos que ficaram submersos durante o ciclone Idai em 2019, e ainda Caia e Chemba.
Mais de 45 mil pessoas afetadas
Face ao cenário, o total de pessoas afetadas pela tempestade Ana pode agravar-se, anunciou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em comunicado.
Segundo a estimativa daquela agência das Nações Unidas, haverá mais de 45 mil pessoas afetadas, metade das quais mulheres e crianças. Prevê-se que "estes números aumentem", destaca, uma vez que as "equipas no terreno ainda estão a avaliar a situação".
De acordo com dados das autoridades locais e do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), pelo menos 20 pessoas terão morrido com a tempestade, embora relatos da população nas zonas afetadas apontem para um balanço de vítimas ainda maior, por registar.
"Dado que Moçambique está na sua estação chuvosa, a situação poderá deteriorar-se rapidamente se outra depressão tropical ou ciclone trouxer chuvas adicionais significativas a rios e barragens já cheias", acrescentou.
Tempestade Batsirai aproxima-se
Um alerta que é feito numa altura em que uma segunda depressão, a tempestade Batsirai, já se formou no oceano Índico.
Apesar de ainda estar muito longe de zonas habitadas, as previsões meteorológicas indicam que há uma possibilidade de se aproximar de Madagáscar e do canal de Moçambique na segunda semana de fevereiro.
"A UNICEF estima que precisará de 3,5 milhões de dólares para responder às necessidades imediatas das populações afetadas", sendo que "está a utilizar os seus abastecimentos pré-posicionados e a mobilizar fundos internos", acrescentou no comunicado.
Inquérito em Tete
O Governo moçambicano vai realizar um inquérito em Tete, no centro do país, para apurar as causas da falta de resiliência das infraestruturas afetadas pela tempestade tropical Ana naquela província, anunciou o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
O inquérito vai servir para "perceber em que medida as infraestruturas não foram resilientes o suficiente ou capazes de resistir à água", disse Celso Correia, após visitas ao terreno, na quinta-feira, liderando a equipa de monitorização dos impactos da tempestade Ana em Tete.
Segundo o ministro, caso se confirme que a natureza foi mais forte em relação à capacidade de resiliência das infraestruturas, o Governo terá de "trabalhar para a sua melhor adaptação", considerando que as intempéries estão "cada vez mais frequentes e intensas".
"Trata-se de um trabalho contínuo e permanente que deve ser feito para termos a certeza de que somos um país adaptado a esses fenómenos extremos das mudanças climáticas", destacou.
De acordo com dados das autoridades locais e do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), pelo menos 20 pessoas terão morrido com a tempestade, embora relatos da população nas zonas afetadas apontem para um balanço de vítimas ainda maior, por registar.