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Autoridades receiam défice de 90 mil toneladas de arroz

Fátima Tchuma Camará / António Cascais8 de agosto de 2014

O arroz é a base alimentar dos guineenses. Mas o Ministério da Agricultura teme que ele possa faltar se continuar a chover pouco no país.

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Foto: DW/F. Tchumá Camará

Segundo o Ministério da Agricultura guineense, o país produziu no ano passado 111 mil toneladas de arroz limpo - isto "com uma pluviometria regular", ou seja, num ano em que houve chuva em quantidade suficiente.

Mas, devido ao início tardio das chuvas no ano corrente, a Guiné-Bissau poderá ter um défice de 89 mil toneladas de arroz limpo no próximo ano. Outra agravante é apontada, para além da falta de chuva: o facto de, no país, os métodos agrícolas continuarem a ser rudimentares.

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O arroz é o principal alimento da população da Guiné-BissauFoto: DW/L. Narayan

Pouca chuva e muito sal nos solos - o cerne do problema

A produção guineense de arroz depende, em grande medida, da chuva, sobretudo no sul do país. A água da chuva é, segundo os peritos, muito necessária, sobretudo em áreas baixas da Guiné-Bissau. É necessária principalmente para a dessalinização das bolanhas (arrozais alagados), antes do cultivo do arroz.

Por isso, se continuar a chover pouco, a Guiné-Bissau "poderá ter um grande défice no próximo ano, sobretudo devido à concentração de sal e acidez nos solos", explica Rui Djata, o diretor do Serviço da Engenharia Rural.

Para melhor precaver o risco das alterações climáticas, seria urgente apostar na construção de diques e micro-barragens.

"Temos de lutar contra essa dependência da chuva com estratégias de controlo da água da chuva, através de infra-estruturas de ordenamento hidroagrícola e da construção de micro-barragens anti-sais, para reter a água salgada", diz o agrónomo.

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Pouca água, colheita reduzida: arrozal seco na Guiné-BissauFoto: DW/F. Tchumá Camará

FAO deverá apoiar programa "Salvar a Campanha Agrícola"

Para atenuar o impacto do mau ano agrícola, o Governo guineense conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Um programa denominado "Salvar a Campanha Agrícola", orçado em 500 mil dólares, foi já aprovado pela organização da ONU, presente na Guiné-Bissau.

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Rui Jorge Fonseca, representante da FAO, diz que "o Banco Oeste Africano de Desenvolvimento e a FAO têm todo o interesse em apoiar as populações afetadas por quebras nas colheitas. Esse apoio basear-se-á sobretudo no fornecimento de sementes e materiais agrícolas." A FAO pretende apoiar diretamente os produtores de cereais, sobretudo as mulheres.

Cada guineense consome cerca de 129 quilos de arroz por ano. Grande parte do arroz consumido tem de ser importada. A auto-suficiência é um desafio ainda não superado pelas autoridades guineenses no quadro do programa alimentar até 2015.