Bielorrússia: Centenas de manifestantes detidos em Minsk
30 de agosto de 2020As forças de segurança estavam presentes em grande número na capital Minsk. A Praça da Independência foi isolada com barreiras metálicas. Mas isso não impediu os manifestantes de tentarem tomar a principal praça da capital, o que resultou em confrontos.
Homens fardados usaram veículos com grades acopladas ao pára-choque para tentar remover as pessoas. As fotografias mostraram mulheres deitadas à sua frente na rua.
Os manifestantes gritavam "Vergonha!" para a polícia.
Depois de serem impedidos de acessar a Praça da Independência, milhares de manifestantes dirigiram-se para a residência de trabalho de Alexander Lukashenko, o Palácio da Independência.
A sua porta-voz publicou uma foto mostrando o chefe de Estado desafiadoramente a segurar uma metralhadora, enquanto caminhava em frente ao edifício. Há uma semana, ele havia posado de forma semelhante, mas armado com uma Kalashnikov.
Segundo o Ministério do Interior, mais de 140 pessoas foram detidas em Minsk durante a tarde. Entretanto, Ales Bilyatsky, da organizaçao de defesa dos direitos humanos Viasna, disse que mais de 200 pessoas foram detidas.
Muitas outras pessoas foram alegadamente detidas em outros protestos no país.
Após fortes chuvas no final da tarde, a maioria dos manifestantes regressou a casa.
Nos dois últimos domingos, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas na Bielorrússia para protestar contra "o último ditador da Europa", como apelidam Lukashenko.
O Ministério do Interior disse que 4.000 pessoas participaram das manifestações este domingo, mas fontes da oposição defendem que mais de cem mil pessoas participaram dos protestos.
Apoio de Moscovo
Milhares de pessoas tomaram parte noutros protestos, em 42 pontos do país.
O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu expressamente a Lukashenko o apoio das forças de segurança do seu país, o que é visto como uma manobra para intimidar os manifestantes.
Está prevista uma reunião presencial entre Lukashenko e Putin, em Moscovo, nas próximas semanas, anunciou o Kremlin este domingo, sem dar detalhes.
Berlim reage à pressão sobre jornalistas estrangeiros
Nos últimos dias, jornalistas estrangeiros em Minsk e noutras cidades bielorrussas foram perseguidos, detidos temporariamente pelas forças de segurança, ou tiveram a sua acreditação retirada. Quatro jornalistas russos teriam sido deportados, segundo a agência noticiosa Associated Press.
Este domingo, a Federação Alemã de Jornalistas apelou ao Governo em Berlim para impor sanções à Bielorrússia pela sua repressão contra os jornalistas, incluindo alguns da Alemanha.
Uma vez que a Alemanha detém atualmente a presidência rotativa do Conselho Europeu, Berlim tem uma responsabilidade particular em responder à supressão sistemática da liberdade de imprensa e ao assédio de jornalistas, argumentou o presidente da organização.
"As sanções económicas contra a Bielorrússia devem deixar de ser tabu", afirmou Frank Ueberall.
Também este domingo, a Alemanha decidiu convocar o embaixador da Bielorrússia, informou uma fonte governamental.
"O embaixador da Bielorrússia será convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros", disse a fonte. O ministro da pasta, Heiko Mass, já condenou as medidas contra os média estrangeiros como "inaceitáveis".