Guiné-Bissau: Frente Popular vai "salvar democracia"
24 de março de 2024A FP, que tem como símbolo três punhos negros fechados erguidos, prometeu, para os próximos dias, ações de rua para "dizer basta" às situações que "impedem o povo guineense de viver na democracia". "Vivemos uma sabotagem por completo daquilo que é a democracia", notou Armando Lona.
O analista e também ativista político disse ainda que a Guiné-Bissau vive atualmente "num bloqueio total" das instituições da República, situação que, afirmou, impede o progresso do país.
Armando Lona observou que o povo guineense "vai-se mobilizar" para "dizer basta ao regime ditatorial", que quer manter o povo no "absolutismo e na miséria". "Este povo quer evoluir, este povo quer construir a prosperidade, porque é um povo que tem muita ambição, um povo bravo, um povo que tem história, um povo com muito orgulho", sublinhou Lona.
A FP, entre outros propósitos, pretende "resgatar o Estado" guineense através de um processo de consciencialização do povo de que "não basta apenas votar", assinalou Armando Lona. "A Frente Popular é o povo. O povo não pode ter medo de ninguém. Quem devia ter medo é quem quer fazer calar o povo", frisou Lona, ao ser questionado sobre se o seu grupo não receia represálias das autoridades.
"República somos nós"
Entre outras individualidades, a Frente Popular conta com a jurista Helena Neves Abrahamsson e o sindicalista Júlio Mendonça.
O movimento tem como slogan: "República i di anós" (República somos nós).
A Guiné-Bissau atravessa um momento de crise política e institucional agravada com a dissolução do parlamento em dezembro de 2023 por ordens do Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, que evoca uma tentativa de golpe de Estado que estava em curso.
O Presidente também demitiu o Governo saído das eleições legislativas, que tinham sido realizadas em junho de 2023, e instituiu um executivo da sua iniciativa, que encarregou de realizar novas eleições em data ainda por anunciar.
Vários partidos políticos e setores da sociedade civil têm contestado as decisões do Presidente que consideram ilegais à luz do artigo 94.º da Constituição da República que, dizem, impede a dissolução do parlamento nos 12 meses após as eleições.
Na sexta-feira, a polícia guineense autorizou a reabertura da sede do parlamento para o funcionamento dos serviços administrativos, um facto que a Frente Popular "considera de encenação".