Bissau: PR contraria Governo e manda vender pão mais caro
27 de setembro de 2023Dezenas de padeiros tradicionais concentraram-se esta quarta-feira (27.09) em protesto junto ao palácio da Presidência contra a medida governamental que determinou o aumento do preço do pão. Os padeiros foram recebidos no salão nobre pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
"Quem quiser pão, que compre!"
O chefe de Estado disse aos padeiros que vai falar com o Governo e outros agentes do setor e para, entretanto, continuarem a vender o pão ao preço que estava, para evitar que falte no mercado.
"Vamos chegar a um consenso, vou chamar o Governo; antes vou ouvir quem vende, mas pão não pode faltar. Quem quer comprar pão ao vosso preço, que vá comprar e comer, quem não quer, não é obrigado a comprar. Onde é que está o problema?", disse aos padeiros.
Umaro Sissoco Embaló, que não falou com os jornalistas no final da reunião, disse ainda para não terem medo, afirmando que ninguém vai a casa dos padeiros e que enquanto ele for Presidente da República ninguém lhes "vai tocar".
Os padeiros estão parados desde domingo (24.09) em protesto contra a decisão do Governo de baixar o pão de 200 (0,30 cêntimos) para 150 francos cfa (0,22 cêntimos) e a farinha de 29.000 (44 euros), o saco de 50 quilos, para 24.600 (37 euros).
Desde ontem (26.09) que o protesto se tornou mais visível e a população está praticamente sem pão, já que são os padeiros tradicionais os principais fornecedores, nomeadamente do pão kuduro, o mais consumido, e as padarias industriais ficaram sem capacidade de dar resposta à procura.
Padeiros desmentem acordo com Governo
Tanto o Governo como a associação que representa os padeiros falaram em "boicote", mas hoje o presidente da mesma associação, Adulai Djalo, disse que quem tinha falado não tinha legitimidade, nem quem fez o acordo com o Governo.
"O pessoal que assinou com o Governo não são os padeiros, os padeiros nunca assinaram com o Governo", afirmou aos jornalistas.
O representante disse que vão seguir o Presidente da República e que hoje mesmo vão trabalhar e vender o pão a 200 francos cfa. (0,31 cêntimos).
"Quando terminarem as negociações, ele chama-nos novamente para dizer o preço", acrescentou.
O representante dos padeiros deixou claro que, se o saco da farinha custar mais do que 17.500 fca (26 euros), o pão terá que custar 200 francos cfa (0,31 cêntimos).
"Quando baixar o preço da farinha, também baixamos o preço do pão. Se a farinha não baixar, também não podemos baixar o preço do pão", vincou.