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Desentendimentos persistem entre antigo e novo Governo

Braima Darame (Bissau) / Lusa6 de junho de 2016

Governo demitido da Guiné-Bissau e que continua a ocupar o Palácio do Governo espera com expetativa a missão da CEDEAO para mediar a crise. Enquanto isso, o braço de ferro continua, assumindo novos contornos.

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Foto: DW/F. Tchuma

Os membros do governo demitido da Guiné-Bissau que ocupam o palácio governamental, há mais de uma semana, aguardam pela chegada da delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que vai mediar a crise política no país, disse esta segunda-feira (06.06) à imprensa, Agnelo Regalla, ministro da Comunicação Social do Executivo cessante, quando questionado sobre o que o grupo no palácio pretende fazer.

"Vamos continuar aqui" e "aguardar pelos Presidentes", ou seja, "a delegação da CEDEAO que está para chegar a Bissau", disse Regalla.

Os chefes de Estado e de Governo da CEDEAO nomearam uma delegação presidencial para avaliar a crise política na Guiné-Bissau. A criação da delegação foi anunciada no comunicado final da 49.ª conferência de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, realizada no sábado (04.06.), em Dacar, capital do Senegal.Os países da África Ocidental exprimiram na ocasião uma "profunda preocupação com a persistência da crise na Guiné-Bissau", colocando "em risco a implementação dos compromissos assumidos pelos parceiros de desenvolvimento" no encontro de doadores de 2015.

A delegação inclui os presidentes da Guiné-Conacri, Senegal e Serra Leoa e deverá "encontrar-se com as partes interessadas na crise política da Guiné-Bissau, a fim de avaliar melhor a situação no país", foi anunciado no comunicado final da reunião. No entanto, não foi adiantada nenhuma data para a chegada da comitiva presidencial a Bissau.

Morte de veterana da independência divide os dois governos da Guiné-Bissau
A morte de Carmen Pereira, veterana de luta pela independência da Guiné-Bissau, está a dividir os dois governos do país - um empossado, outro demitido, mas que se diz legítimo e que recusa abandonar os cargos.

Cada um assume, à sua maneira, as exéquias fúnebres da dirigente e figura de destaque do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), falecida no sábado (04.06)

Carmen Pereira, Funktionärin des Interregionalen politischen Komitees der PAIGC
Carmen Pereira durante a luta armada nas matas da Guiné.Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Guinea-Bissau Minister Agnelo Regala
Agnelo Regalla, membro do Governo demitidoFoto: DW/F. Tchumá

O Executivo recém-nomeado, reunido em conselho de ministros, no domingo (05.06), propõe um "funeral de Estado" para Carmen Pereira, considerada "pessoa de bom senso" e que se encontra acima de disputas politicas, de acordo com o comunicado final do encontro. No mesmo encontro foi criada uma comissão ministerial para tratar do funeral de Carmen Pereira, mas sem que se anuncie a data do mesmo.

O Executivo cessante, também reunido em "conselho de ministros", anunciou em comunicado que decretou três dias de luto nacional, a partir desta segunda-feira até quarta-feira (08.06), dia do funeral da dirigente que também terá as exéquias do Estado.A equipa demitida, que continua a ocupar o Palácio do Governo, promete prestar homenagem a Carmen Pereira na Assembleia Nacional Popular (foi a primeira mulher a presidir ao órgão) e na sede do PAIGC.
A veterana que lutou pela independência da Guiné portuguesa morreu no sábado aos 79 anos, em sua casa, em Bissau, vítima de uma indisposição súbita.

Entradas impedidas no Palácio do Governo

Lúcio Soares und Carmen Pereira
Carmen Pereira (dir.) (1963-1973)Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral

Entretanto, o primeiro-ministro do Governo demitido, Carlos Correia, que se encontra fora do Palácio do Governo, tentou entrar no edifício mas foi impedido pelas autoridades guineenses.

Diversos elementos impedem desde domingo (05.06) as entradas no palácio, depois de o Ministério Público ter feito um ultimato para os membros cessantes deixarem o local.

Os membros do Executivo demitido a 12 de maio, de maioria PAIGC, ocupam as instalações como protesto contra a entrada em funções de um novo governo. Consideram que o Presidente da República, José Mário Vaz, violou a Constituição ao dar posse na sexta-feira (03.06) a um executivo que não resulta da vontade do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido que venceu as últimas eleições (2014).

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