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União Europeia admite dar apoio financeiro ao Ruanda

Lusa
27 de janeiro de 2022

Quem o diz é o responsável da missão europeia em Moçambique, Hervé Bléjean, que defende ainda a presença de militares europeus em Cabo Delgado.

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Ruanda Mosambik Militär
Foto: Jean Bizimana/REUTERS

O responsável da missão da União Europeia em Moçambique, destinada a treinar tropas contra a insurgência armada em Cabo Delgado, admitiu apoio financeiro europeu ao Ruanda, que tem tropas destacadas na região norte do país.

Durante uma audição na subcomissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu nesta quarta-feira, o vice-almirante Hervé Bléjean, diretor da Capacidade Militar de Planeamento e Condução da missão militar da União Europeia (EUTM) em Moçambique, referiu que o Ruanda solicitou "um maior apoio financeiro" à União Europeia e que o chefe da diplomacia europeia "está bastante determinado a responder favoravelmente". 

"Recentemente, a 9 de janeiro de 2022, teve lugar uma reunião de defesa e segurança entre Moçambique e o Ruanda, na qual o Ruanda recebeu um pedido dos moçambicanos para continuar o seu apoio contra o terrorismo. Parte da negociação foi uma oferta de formação em exercício a ser fornecida às tropas destacadas na província de Cabo Delgado", relatou Bléjean.

Mosambik | Besuch Filipe Nyusi und Paul Kagame in der Provinz Cabo Delgado
Paul Kagame, Presidente do Ruanda, e Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, visitaram Cabo Delgado, em setembro Foto: Simon Wohlfahrt/AFP/Getty Images

"Nesta fase não se conhecem pormenores precisos, mas isto pode ser positivo e complementar aos esforços de formação de EUTM e confirma a necessidade de coordenação entre Moçambique e as forças ruandesas, que também se aproximaram da UE para um maior apoio financeiro através do Mecanismo de Apoio à Paz Europeu", prosseguiu.

Militares europeus em Cabo Delgado

Na mesma ocasião, o vice-almirante defendeu uma alteração do mandato para permitir a presença dos militares europeus em Cabo Delgado.

A missão da EUTM está em Katembe, margem sul da baía de Maputo, junto à capital, e em Chimoio, "muito fora da província de Cabo Delgado", lembrou Hervé Bléjean.

"Atualmente, o mandato que temos exclui aconselhamento estratégico, ao contrário do que fazemos noutros locais. A nossa capacidade de perceber realmente a natureza e eficácia das operações em Cabo Delgado é limitada e temos de encontrar outros meios, uma vez que não temos autorização para irmos lá", comentou. 

Mosambik Ärzte ohne Grenzen in Cabo Delgado
Segundo Hervé Bléjean, "a situação de segurança na província de Cabo Delgado melhorou consideravelmente, o que ainda não se pode dizer da situação humanitária"Foto: Igor G. Barbero/MSF

"O Presidente [moçambicano, Filipe Nyusi] disse-me com um grande sorriso: 'vocês os soldados não querem ir lá, eu vou lá na próxima semana, os deputados vão lá, os embaixadores vão lá'", afirmou, mencionando que "a imagem não é muito boa para os soldados, que podem ser acusados de ser menos corajosos que outros". O responsável acrescentou que: "é do nosso interesse termos a possibilidade de viajarmos para lá".

Na mesma audição, o vice-almirante Hervé Bléjean afirmou que "a situação de segurança na província de Cabo Delgado melhorou consideravelmente", mas o mesmo não se pode dizer da situação humanitária. "Apesar de desenvolvimentos positivos, a situação requer uma atenção especial, uma vez que a insurreição tende a diluir e a alastrar não só às províncias vizinhas, especialmente Niassa, mas também à Tanzânia", ressalvou.

O responsável da missão da União Europeia em Moçambique advertiu ainda para o crescente interesse da Rússia na região, notando, no entanto, que "até ao momento não há mercenários da Wagner [empresa de segurança russa conotada com o Governo de Vladimir Putin] em Moçambique". Mencionou também a cooperação no setor da defesa entre Moscovo e Maputo. "Portanto, temos de ter cuidado", disse. 

Aquela que é a primeira missão militar da UE em Moçambique, dedicada a treinar tropas para enfrentar a insurgência armada em Cabo Delgado, arrancou no início de novembro passado, e é comandada por Hervé Bléjean. No terreno, a direção operacional cabe ao brigadeiro-general português Nuno Lemos Pires.

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