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Cabo Verde disponível para integrar força de interposição na Guiné-Bissau

23 de abril de 2012

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que efetua uma visita de trabalho a Portugal, defende que a comunidade internacional deve continuar a pressionar no sentido da resolução da questão guineense.

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Golpe de Estado na Guiné-Bissau
Golpe de Estado na Guiné-BissauFoto: Reuters

Se não houver uma “evolução positiva” dos acontecimentos na Guiné-Bissau com vista à devolução do poder às autoridades legitimamente constituídas, Cabo Verde apoia “firmemente” a constituição de uma força de interposição proposta pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), assegurou em Lisboa o primeiro-ministro cabo-verdiano. “Havendo necessidade, Cabo Verde estará disponível para dar todo o seu apoio no sentido de reposição da legalidade democrática”, sublinhou.

Lembrando que “Cabo Verde sempre apoiou o diálogo”, José Maria Neves exigiu novamente a libertação na Guiné-Bissau do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, do presidente da República interino, Raimundo Pereira e de todos os presos, e também “a devolução do poder aos civis e a todas as autoridades legitimamente constituídas nos termos das eleições democráticas que foram realizadas”.

Intervenções militares “injustificáveis”

José Maria Neves (na foto) apoia a posição da União Europeia
José Maria Neves (na foto) apoia a posição da União EuropeiaFoto: Nelio dos Santos

Poucas horas depois da sua chegada à capital portuguesa, no domingo (22.04), no âmbito de uma curta digressão a quatro países europeus, José Maria Neves declarou aos jornalistas que nada justifica as intervenções militares para derrubar órgãos legitimamente constituídos.

Por isso, o primeiro-ministro cabo-verdiano defende que a comunidade internacional deve continuar a pressionar no sentido da resolução da questão guineense. “A União Europeia, a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], a União Africana, as Nações Unidas e a CPLP têm de, juntos, trabalhar para bloquear qualquer tentativa de cedência a golpistas na Guiné-Bissau neste momento”, declarou.

Cabo Verde apoia posição da UE

Cabo Verde exige a devolução do poder aos civis guineenses
Cabo Verde exige a devolução do poder aos civis guineensesFoto: picture-alliance/dpa

Face àquilo que alguns observadores consideram ser uma clara usurpação do poder pelos militares, José Maria Neves também disse estar de acordo com a posição firme assumida pela União Europeia (UE), reunida esta segunda-feira (23.04) no Luxemburgo.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus reiteraram que não reconhecem o autoproclamado Conselho Nacional de Transição e advertiram que a UE está “pronta” a impor “medidas restritivas” contra os responsáveis pela instabilidade na Guiné-Bissau.

“Teremos de tomar medidas duras e aproveitar este golpe como oportunidade de erradicar de vez esta situação de insubordinação das Forças Armadas na Guiné-Bissau e criar condições para a refundação das Forças Armadas”, defendeu o primeiro-ministro cabo-verdiano.

Novo contrato na área das telecomunicações

Cabo Verde quer aproveitar parceria com Portugal para desenvolver mercado das telecomunicações
Cabo Verde quer aproveitar parceria com Portugal para desenvolver mercado das telecomunicaçõesFoto: Fotolia/Aaron Amat

José Maria Neves encontrou-se esta segunda-feira com o presidente do conselho da administração da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava, com quem conversou sobre o estabelecimento de um novo contrato de concessão entre a companhia portuguesa de telecomunicações e a Cabo Verde Telecom, à luz da liberalização do mercado caboverdiano.

Segundo José Maria Neves, “é do interesse de Cabo Verde aprofundar esta parceria estratégica” para desenvolver e tornar mais competitivo o mercado das telecomunicações em Cabo Verde. O novo contrato deverá ser concluído até finais de 2012, fruto de uma parceria que, de acordo com o executivo de José Maria Neves, trouxe ganhos para Cabo Verde.

Este foi um dos pontos da agenda do primeiro-ministro, que, entre outros encontros, se reuniu com o representante da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e inaugurou, em Loures, o centro de acolhimento para doentes evacuados de Cabo Verde.

O primeiro-ministro de Cabo Verde parte esta noite para Bruxelas, onde irá pedir o reforço da parceria especial estabelecida com a UE. O périplo europeu continua depois no Luxemburgo e termina no dia 28 na Alemanha.

Autor: João Carlos (Lisboa)
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha

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