Ciclone Idai: 150 mortos em Moçambique, Zimbabué e Malawi
17 de março de 2019O ciclone Idai afetou mais de 1,5 milhões de pessoas em Moçambique, Zimbabué e Malawi, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e os governos dos três estados africanos, citados pela Agência France Presse.
A cidade da Beira, uma das maiores de Moçambique, com meio milhão de habitantes, foi a mais afetada pelo ciclone e no seu hospital central foram tratados mais de 400 feridos desde a noite de quinta-feira, segundo fonte daquela unidade.
A capital provincial está parcialmente destruída, continua sem eletricidade da rede pública e as comunicações são limitadas, acontecendo o mesmo noutras partes da província, o que está a dificultar as operações de socorro.
O levantamento do número de vítimas está por concluir, dado que há locais de difícil acesso devido à subida do nível dos rios. Um deles, o rio Haluma, transbordou e cortou a estrada nacional 6, espinha dorsal do centro de Moçambique e principal via de acesso à Beira, deixando-a isolada, uma vez que o aeroporto da cidade está inoperacional, devido aos estragos, desde quinta-feira. O aeroporto da Beira deverá voltar a funcionar este domingo.
Em Manica, as autoridades registaram até ao momento 16 vítimas mortais e uma dezenas de feridos. Dezenas de famílias ficaram desalojadas depois de verem as suas casas desabar devido à força da tempestade.
Prevê se que o número de vítimas possa vir a subir, visto que as operações de resgate do INGC e do Corpo de Salvação Pública estão ainda no terreno, segundo o delegado do INGC em Manica, Teixeira Almeida. Alguns distritos estão desde quinta-feira sem energia elétrica.
48 mortos em Moçambique
O ciclone atingiu a Beira na quinta-feira, tendo seguido depois para Oeste, em direção ao Zimbabué e ao Malawi, afetando mais alguns milhares de pessoas, em particular nas zonas orientais da fronteira com Moçambique.
Casas, escolas, empresas, hospitais e esquadras ficaram destruídas. Milhares de pessoas foram afetadas pelas inundações e abandonaram os seus pertences na busca de segurança em terrenos mais elevados.
Agências da ONU e da Cruz Vermelha estão no terreno a ajudar, entre outras coisas, com o fornecimento de alimentos e medicamentos por helicóptero.
As Nações Unidas estimam que haja 600 mil pessoas afetadas no centro e norte de Moçambique, seja por terem ficado sem casa, alimentos e outros bens, ou por perderem o acesso a campos para cultivar e a serviços básicos. Mais de um terço da população afetadas são crianças, calcula o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Naquele país morreram pelo menos 48 pessoas, de acordo com números atualizados esta sexta-feira (16.03) pelas autoridades moçambicanas.
As mortes resultam, sobretudo, do desabamento de casas e outras infraestruturas e afogamentos, de acordo com a informação divulgada pela televisão estatal, citando fonte do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
No Zimbabué o número de mortos registados é de pelo menos 31, de acordo com o governo local. As mortes ocorreram maioritariamente na zona montanhosa de Chimanimani, na fronteira com Moçambique, uma área turística.
Estradas e pontes desapareceram, o que dificulta os trabalhos de resgate.
Segundo o balanço mais recente do Departamento de Gestão de Riscos, no Malawi morreram pelo menos 56 pessoas e 80 mil estão deslocadas.
Filipe Nyusi visita zonas afetadas
O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, visita este domingo e na segunda-feira a zona centro do país afetada pela passagem do ciclone Idai, anunciou o seu gabinete.
O chefe de Estado decidiu encurtar uma visita oficial que estava a realizar desde sexta-feira a eSwatini (antiga Suazilândia), país vizinho, e vai dirigir-se diretamente para a cidade da Beira, a mais destruída pela tempestade.
Durante os dois dias de visita, Filipe Nyusi vai ainda passar pelas províncias da Zambézia, Tete e Manica. O ministro das Obras Públicas e Habitação, João Machatine, vai acompanhar o Presidente moçambicano durante a deslocação.