Ciclone Idai: 19 mortos no centro de Moçambique
16 de março de 2019Um total de 13 vítimas mortais foram registadas na cidade da Beira, uma das maiores do país, e outras seis no distrito limítrofe de Dondo, segundo informação do governo provincial citada pelos órgãos de comunicação estatais.
As mortes foram causadas pelo desabamento de casas precárias e outras estruturas, bem como por afogamento.
A recolha de informação por parte das equipas de socorro no terreno tem sido dificultada pelas falhas de energia e comunicações.
Antes da chegada do ciclone Idai, formada no oceano Índico, outras 15 pessoas já tinham morrido entre os dias 6 e 13 de março durante a passagem de uma tempestade no centro e norte de Moçambique, segundo as Nações Unidas.
As casas de habitação precária que proliferam pela região são as mais danificadas, causando um número ainda indeterminado de desalojados.
Além de perder as casas, muitas famílias podem vir a ter dificuldades acrescidas em ter alimentos devido à destruição das suas hortas e campos de cultivo, alerta o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, sigla inglesa).
Há diversos postos de saúde e escolas danificados, estradas cortadas e postes de eletricidade tombados.
Equipas de socorro das autoridades moçambicanas com o apoio de diversos parceiros, incluindo ajuda internacional, estão em prontidão para avançar para o terreno logo que as condições meteorológicas melhorem, o que deve acontecer no sábado, disseram fontes de diferentes organizações à agência de notícias Lusa.
O ciclone Idai está também a afetar os países vizinhos Malawi e Zimbabué, com o Governo de Harare a registar, até ao momento, 24 vítimas mortais, 40 feridos e dezenas de desaparecidos. No Malawi, o balanço é de 56 mortos e mais de 1 milhão de pessoas afetadas.
8,8 milhões de euros para necessidades urgentes
Esta sexta-feira (15.03), a UNICEF anunciou que cerca de 600 mil pessoas foram afetadas pelas calamidades naturais em Moçambique, estimando que sejam necessários 10 milhões de dólares (8,8 milhões de euros) para responder às "necessidades mais urgentes das crianças".
"O ciclone Idai atingiu agora uma população que já estava em desespero e extremamente vulnerável. O impacto da tempestade está a multiplicar o seu sofrimento", afirmou Marcoluigi Corsi, o representante da Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Moçambique.
Das cerca de 600 mil pessoas afetadas, a UNICEF estima que 260 mil sejam crianças, estando milhares deslocadas devido ao facto de as suas casas terem sido destruídas.
Marcoluigi Corsi revelou que a situação "é séria" e que a UNICEF e os seus parceiros estão prontos para apoiar o Governo a levar "apoio urgente à população afetada, incluindo água potável, saneamento e higiene, bem como cuidados médicos."
A UNICEF está atualmente a colaborar com a agência nacional de desastres e outras agências da ONU para avaliar a dimensão do desastre, com o restabelecimento de linhas de comunicação na área inundada da região de Sofala e o acesso das equipas humanitárias às áreas de desastre a serem as maiores preocupações.
"Apesar de todos os desafios, estamos bem preparados, pois temos vários equipamentos e materiais de apoio pré-posicionados como lonas, 'kits' de higiene e pastilhas de purificação de água disponíveis no país. Estes podem ser entregues rapidamente e ajudar nos primeiros dias", referiu ainda Marcoluigi Corsi.
A UNICEF estima que necessitará de cerca 10 milhões de dólares para responder "às primeiras necessidades mais urgentes das crianças".
Mensagens de solidariedade
O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, enviou esta sexta-feira uma mensagem de condolências e solidariedade ao Presidente de Moçambique, na sequência do ciclone.
Numa mensagem dirigida a Filipe Nyusi, o chefe de Estado cabo-verdiano afirma que tem acompanhado "com muita preocupação o desastre ambiental: "Neste momento de grande consternação, permita-me, em nome do povo de Cabo Verde e em meu nome próprio, dirigir-me a vossa excelência, às famílias das vítimas, bem como a toda a nação moçambicana, para exprimir a minha mais profunda solidariedade neste momento difícil por que atravessa o país irmão, Moçambique".
Também o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, expressou as suas condolências pelas "trágicas consequências" das calamidades naturais.
"O Presidente da República expressou, em nome do povo português e no seu próprio, sentidas condolências pelas trágicas consequências resultantes das violentas calamidades naturais que afetaram as regiões do Centro e do Norte de Moçambique", refere uma mensagem dirigida ao chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, publicada no sítio na internet da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa enviou uma "nota de fraterna solidariedade" ao seu homólogo moçambicano, transmitindo votos de pesar às famílias das vítimas e de rápida recuperação a todos os feridos.