Cinco acusados de tentar matar vice-Presidente angolano
8 de fevereiro de 2018Os homens estão detidos desde sábado (03.02), dia em que estariam a transportar material de construção para obras de reabilitação numa das residências do condomínio Jardim de Rosas, perto da residência de Bornito de Sousa, na capital, Luanda.
Segundo o advogado de defesa, Sebastião Assurreira, os cinco homens foram surpreendidos por elementos da guarda presidencial que os detiveram, alegando que transportavam uma arma de fogo e que tinham uma catana na viatura que estacionaram perto da casa do governante.
"Revistaram a viatura dos cinco arguidos e não encontraram absolutamente nada. Nenhuma arma de fogo do tipo AKM e nem uma catana, encontraram simplesmente uma bateria, uma tesoura e uma pasta de cor azul", diz.
Os acusados teriam sido agredidos na altura da detenção por efetivos da Unidade da Guarda Presidencial (UGP) e da Polícia Nacional. Foram ouvidos esta terça-feira (06.02), sem a presença da defesa.
Ana Nicolau, esposa de um dos detidos, explica que o seu marido não saiu de casa com a finalidade de assassinar o vice-Presidente da República de Angola. "Ele é eletricista e disse que ia ver fazer uma reparação elétrica. Foi assim que saiu com alguns amigos que já têm trabalhado com ele", conta.
Eugénia Luca, mulher de outro acusado, conta que vive com o seu marido há 15 anos e que este nunca se envolveu em situações do género. "O meu marido é chefe de família, nunca roubou, é um bom homem", sublinha.
Penas de 16 a 20 anos
Caso venham a ser confirmadas as acusações, os cinco cidadãos poderão ser condenados a uma pena de prisão efetiva entre 16 e 20 anos.
Esta quarta-feira (07.02) os cinco acusados foram novamente ouvidos, já na presença do advogado de defesa. Questionado se acredita num desfecho favorável do processo, o advogado Sebastião Assurreira diz que prefere "esperar pelo desenrolar de todo o processo".
Esta não é a primeira vez que cidadãos são acusados de atentarem contra uma alta figura do aparelho do Estado angolano. Em junho de 2015, 15 jovens foram constituídos arguidos por discutirem o livro do autor e ativista norte-americano Gene Sharp intitulado "Da Ditadura à Democracia".
Sebastião Assurreira considera que há semelhanças com o processo dos ativistas, conhecido por "15+2", mas descarta a existência de motivações políticas neste caso. "É mais um caso idêntico. Pendor político não diria, mas está envolvida uma alta figura do país", lembra.