Clima e logística comprometem produção de algodão moçambicano
15 de outubro de 2013
Esta baixa nas exportações de algodão verifica-se depois de na campanha anterior, 2011/2012, se ter registado uma produção histórica de 184 mil toneladas.
O facto fica a dever-se à queda irregular das chuvas. O Instituto de Algodão de Moçambique, IAM, refere ainda que os camponeses estão a comercializar o algodão da campanha anterior.
Aliás, os camponeses estão também à espera de comercializar todo o algodão com as empresas para evitar que o produto se deteriore.
É que os camponeses, segundo o diretor nacional adjunto daquela instituição, Gabriel Papusseco, não podem receber sementes para iniciar a nova campanha, antes de vender todo o algodão.
Segundo Gabriel Papusseco houve dificuldades e prolongou-se o período de comercialização: "Estamos a vir de um pico e isso é também um fator desmotivador para os produtores uma vez que já tinham algodão da campanha anterior e não podiam receber as sementes para a nova campanha, mas são fatores isolados."
Metas comprometidas
As quebras poderão comprometer a meta das 135 mil toneladas fixada inicialmente para 2013. E mesmo que esta seja cumprida, ficará aquém da alcançada durante o último ano.
O IAM quer inverter este cenário. Para o efeito, vai introduzir variedades melhoradas da semente que sejam resistentes à seca e não só.
O diretor nacional adjunto da instituição espera que a influência do clima não seja determinante: "Por isso estamos aqui reunidos. Estão aqui 50 formadores nacionais que depois vão formar extensionistas ao nível das empresas e produtores que produzem no terreno aplicando essa novas técnicas."
O Fórum Nacional dos Produtores do Algodão quer que o país mantenha os níveis altos de produção do chamado ouro branco.
Assim, aquela agremiação defende a revisão da política do algodão, pois a atual não ajuda o desenvolvimento do setor, diz o seu responsável, José Domingos que sai em defesa do produtor: "O produtor hoje tem outra alavanca, outra observação e outras necessidades. E ele faz cáculos antes de todos os resultados."
Então, na opinião de José Domingos, nas negociações é preciso olhar um pouco para a questão externa porque "o nosso algodão é exportado. Mas também é preciso prestar um pouco de atenção porque o produtor precisa de ter a parte dele."
Instabilidade do algodão penaliza produtores
As atuais políticas criticadas pelos produtores têm a ver com a competitividade do algodão em relação a outros produtos agrícolas junto do produtor: "É que o problema está aqui. Muitas das vezes quando o preço do nosso algodão cai no mercado internacional, automaticamente sobem os preços dos produtos agrícolas, como é o caso do gergelim."
E neste contexto o diretor do Fórum Nacional dos Produtores do Algodão questiona: "Como é que o algodão cai e do outro lado sobem os outros preços? Então, na campanha seguinte ele prefere produzir feijão."
Em Moçambique, pouco apoio é dado às novas tecnologias para o aumento de áreas de produção tais como para boas práticas agrícolas, uso de tração animal, moto-cultivadoras e tratores.
José Domingos lembra quem é o elo mais fraco: "Se formos ver a única cultura com mais possibilidades de dar rendimentos é o algodão. E quando o preço do algodão cai o produtor fica muito enfraquecido, mas ele não deixa de trabalhá-lo porque se trata de uma cultura que faz parte dos seus hábitos."
Por isso o diretor do Fórum Nacional dos Produtores do Algodão acha que as partes têm de encontrar uma solução conjunta: "O importante neste momento é que haja um entendimento e coordenação do pouco que já existe."
Paralelamente à exportação de algodão, as exportações da semente de algodão-caroço atingiram aproximadamente 100 mil toneladas no primeiro trimestre de 2013, tendo contribuído com 10,9 milhões de dólares para os cofres do Estado.