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Consternação no Zimbábue pelo apoio da África do Sul ao ZANU-PF

15 de dezembro de 2011

Causou grande indignação no Zimbábue o anúncio do partido governamental sul-africano, ANC, de que vai apoiar a formação do presidente Robert Mugabe, o ZANU-PF, nas próximas eleições gerais.

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South African President, Jacob Zuma, left, seen with Zimbabwean President Robert Mugabe, centre, upon his arrival, in Harare, Tuesday, March, 16, 2010. South African President Jacob Zuma began a crucial two-day visit to neighboring Zimbabwe on Tuesday, in his first official trip as chief mediator charged with resolving tension in Zimbabwe's troubled coalition government. (AP Photo/Tsvangirayi Mukwazhi)
O Presidente da África do Sul, Jacob Zuma (esq), em Harare, em 2010, com o seu homólogo, Robert MugabeFoto: AP

Apenas os membros da União Nacional Africana do Zimbábue – Frente Patriótica (ZANU-PF) do presidente Robert Mugabe, receberam com júbilo o anúncio do Congresso Nacional Africano (ANC), de que vai apoiar a agremiação política de Mugabe durante as próximas eleições gerais no Zimbábue.

Parte do governo de união nacional do Zimbábue, o partido MDC (Movimento para a Transformação Democrática), do primeiro ministro Morgan Tsvangirai, endereçou uma carta de protesto aos líderes regionais africanos. O MDC ataca a posição parcial do ANC, porque, em 2008, o líder do ANC, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, foi designado por líderes regionais para ser o mediador entre o ZANU-PF e o MDC, de Morgan Tsvangirai. Das negociações resultou o atual Governo de coabitação em Harare.

An unidentified man holds the new 100 billion dollar note introduced by the Reserve Bank of Zimbabwe, in Harare Tuesday, July, 22, 2008. Zimbabwe has the worlds highest inflation currently pegged at over 2 million percent. (AP Photo/Tsvangirayi Mukwazhi)
O Zimbábue debate-se com sério problemas económicos, inlcuindo uma inflação galopanteFoto: AP

Um anúncio de “mau gosto”

Na semana passada, o presidente zimbabueano discursou diante de cerca de três mil delegados do ZANU-PF durante congresso do partido, insistindo na realização de eleições em 2012. Segundo a agência noticiosa France Presse, as eleições gerais devem pôr fim à coabitação entre Mugabe e o seu antigo opositor, Morgan Tsvangirai, que ocupa o cargo de primeiro ministro do país desde 2008. Na ocasião, Tsvangirai aceitou não disputar o segundo turno das presidenciais para evitar um banho de sangue provável se ganhasse o escrutínio.

A mensagem de solidariedade do secretário-geral do ANC, Gwede Mantanshe, está a provar ser um tiro que saiu pela culatra. Mantanshe está na mira das críticas pelo apoio ao ZANU-PF. Thabitha Khumalo, porta-voz do MDC e autor da carta aos líderes regionais africanos em protesto contra a posição do ANC, disse: que a declaração de apoio do ANC foi de “mau gosto”, considerando-se que a África do Sul é o mediador do Acordo Político Global do Zimbábue, de 2008. “Em segundo lugar, adiantou a porta-voz, ”durante a luta contra o apartheid do regime segregacionista de minoria branca na África do Sul, não foi só o ZANU-PF que ajudou o ANC, mas todo o Zimbábue. Teria sido interessante se o ANC tivesse dito que vai apoiar todos os zimbabueanos, e não só um partido".

ANC quer que a ZANU-PF reconquiste a maioria

O secretário-geral do ANC, Gwede Mantanshe, disse à Deutsche Welle que o seu partido não ficará preocupado se o MDC não ficar feliz com o apoio do partido governista sul-africano ao ZANU-PF: "Existe algo que se chama relação de governo para governo. Como mediador, o presidente Zuma está trabalhando sob os auspícios da SADC, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. As relações de partido para partido são totalmente diferentes”. Mantanshe acrescentou que o ANC “não se vai trancar num quartinho por causa do mandato que a SADC deu ao presidente da África do Sul."

Morgan Tsvangirai, left, leader of the main opposition party in Zimbabwe takes the oath of Prime Minster, in front of President Robert Mugabe, right, at the State House in Harare, Zimbabwe, Wednesday, Feb. 11, 2009. Zimbabwean President Robert Mugabe swore in his longtime rival Morgan Tsvangirai as prime minister Wednesday, ushering in a unity government in an extraordinary concession after nearly three decades of virtually unchallenged rule. (AP Photo/Tsvangirayi Mukwazhi)
Morgan Tsvangirai na ajuramentação para primeiro-ministro, em Fevereiro de 2009, ato que evitou novos conflitos no paísFoto: AP

O secretário-geral acrescentou que o partido sul-africano quer ver o ZANU-PF reconquistar a maioria que perdeu para o MDC de Morgan Tsvangirai durante as eleições de 2008. Depois do resultado, milícias do ZANU-PF desencadearam atos de violência que acabaram fazendo com que líderes regionais apontassem o presidente sul-africano Jacob Zuma para que fosse o mediador entre o MDC e a ZANU-PF.

A oposição sul-africana condenou a posição do ANC, dizendo que o apoio do partido ao ZANU-PF de Robert Mugabe coloca em questão a imparcialidade de Jacob Zuma para ser o catalisador da paz no Zimbábue.

Autores: Columbus Mavhunga/Renate Krieger
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha