Migração preenche agenda de Merkel na Tunísia
3 de março de 2017De visita a Tunes, a chanceler Angela Merkel anunciou, esta sexta-feira (03.03), um acordo para acelerar o repatriamento de cidadãos tunisinos a quem tenha sido recusado o pedido de asilo. Com o acordo, será também mais rápido identificar requerentes de asilo sem documentos, segundo a governante alemã.
"Acordámos que o processo de identificação não demorará mais do que 30 dias. Isso é, para nós, uma boa notícia", disse Merkel numa conferência de imprensa. E "se for necessário passar documentos, porque muitos já não têm os papéis da Tunísia, demorará menos de uma semana."
A lentidão da burocracia tunisina terá estado na origem das dificuldades da Alemanha em expulsar Anis Amri, o suspeito do ataque de dezembro a um mercado de Natal em Berlim, em que morreram 12 pessoas.
Eleições à porta
A chanceler alemã está sob pressão. A política de "portas abertas" de Angela Merkel foi criticada por muita gente na Alemanha. E, a poucos meses das eleições legislativas, agendadas para setembro, Merkel mostra-se empenhada em reforçar a segurança no país e combater a imigração ilegal para impedir que a extrema-direita conquiste mais votos.
Berlim lançou uma ofensiva para tentar travar o fluxo de refugiados para o país e combater as causas da imigração. E a chanceler, que abriu as portas a mais de um milhão de refugiados desde 2015, tem agora debatido parcerias com vários países.
Na quinta-feira, Merkel esteve no Cairo e a Alemanha ofereceu 500 milhões de dólares em ajuda, segundo as autoridades egípcias. À Tunísia, Berlim prometeu 250 milhões de euros para formação profissional, para as pequenas e médias empresas e para a agricultura.
Criar oportunidades na Tunísia
O ministro alemão para a Cooperação Económica, Gerd Müller, também esteve em Tunes na sexta-feira e inaugurou um "Centro Germano-Tunisino para o Emprego, Migração e Reintegração". A ideia é dar aos jovens informações sobre oportunidades de trabalho e formação profissional.
"Há cerca de 1.500 tunisinos que têm de ser reintegrados e que não podem regressar à Tunísia como gente fracassada", afirmou Müller.
A taxa de desemprego na Tunísia ronda os 16%, segundo dados oficiais – cerca de um terço dos licenciados não consegue encontrar trabalho.
O Presidente da Tunísia, Béji Caïd Essebsi, disse que o acordo anunciado esta sexta-feira é motivo de agrado para os dois países.