Crise na CASA-CE: Chivukuvuku acusado de desvio de fundos
31 de maio de 2018A coligação angolana Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) está realmente em crise, admitiu já o conselho presidencial da estrutura política. Em causa está uma queixa apresentada no Tribunal Constitucional de desvio de verbas, que rondam os 13 milhões de euros, por parte do presidente Abel Chivukuvuku.
A acusação partiu de cinco dos partidos que compõem a coligação: Partido Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Pacífico Angolano (PPA), Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA) e ainda o Partido Democrático Popular de Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA).
Abel Chivukuvuku negou as acusações de que teria desviado dinheiro da coligação "para benefício pessoal", sublinhando que a CASA-CE "é quem deve". Afirma que está em curso uma "trama" com o intuito de o afastar da liderança do partido e prometeu processar todos os que mancharam o seu "bom nome".
"Os angolanos sabem que serei sempre um patriota convicto. Incorruptível e transparente como água. Postura provada da ao longo de décadas e em situações da nossa história comum", disse Chivukuvuku.
O conselho presidencial da CASA-CE repudiou as acusações contra o presidente Abel Chivukuvuku, que diz serem "falsas”. Também o responsável pelas finanças da CASA-CE, Alberto Muanza, garante não ser verdade a queixa contra Chivukuvuku.
"Não é verdade, porque as programações são feitas por mim, como técnico, e são aprovadas no Conselho Presidencial, do qual todos nós fizemos parte. Depois da aprovação, entra em execução. Não vão encontrar nenhuma programação em que constem 15 milhões para o benefício próprio senhor Abel Chivukuvuku", justificou Muanza.
Conselho presidencial reconhece crise
Entretanto, esta quarta-feira (30.05), realizou-se o conselho presidencial do partido, em Luanda, que, na ausência dos cinco partidos subscritores da queixa, apenas contou com dois dos sete partidos que constituem a coligação: o Bloco Democrático e o Podemos-JA, este último, ainda em fase de constituição.
No comunicado apresentado à imprensa por Lindo Tito, um dos vice-presidentes da coligação, o conselho presidencial "reconhece que a CASA-CE vive um momento de crise interna, resultante das diferentes interpretações sobre a natureza dos propósitos e objetivos bem como a força legal e normativa dos seus estatutos".
Já o presidente do partido Bloco Democrático, Justino Pinto de Andrade, assegurou que a crise no seio daquela coligação "é momentânea" e que "será ultrapassada".
"Não está instalada a crise, estamos a procurar resolver uma crise momentânea. Esta reunião procurou aprofundar as questões que geraram o mau estar que se está a viver agora e procuramos encontrar formas de ultrapassar", disse Justino Pinto de Andrade.
A organização reafirma "ser uma força política democrática e aberta, cuja divisa é "unidade na diversidade”, garantindo, assim, "a existência de um contexto e ambiente de abertura e de debate interno”.
Respeito pelo eleitorado
Analistas políticos ouvidos pela DW África aconselham a CASA-CE a resolver o problema com base no diálogo. O especialista Olívio Kilumbo, aconselha a coligação a preocupar-se com a reputação que ganhou junto do eleitorado.
"Eles têm que perceber que as pessoas votaram, apostaram no projeto e têm que fazer jus a isto. Com ou sem dinheiro, terão que estar aí, terão que se refazer, terão que se entender para limpar a imagem que estão a passar aqui fora", defende.
O especialista em finanças governamentais, Osvaldo João, alerta que se o assunto não for resolvido com urgência, a organização vai perder credibilidade no jogo político do país.
"Isso causa situações como perda de credibilidade da CASA-CE perante o povo e outras questões que também estão envolvidas. Calúnia ou afirmações desse género, por mais que não sejam verdade tendem a denegrir, não só a presença do partido político, como também a pessoa que está em causa.”
Os partidos que não participaram na reunião do conselho presidencial da CASA-CE, contactados pela DW África, disseram que irão pronunciar-se em bloco na próxima terça-feira, 5 de junho.