Cultura lusófona é atração na capital alemã
20 de janeiro de 2014
Depois de a primeira edição do "Noite da Berlinda" ter se dedicado à literatura e ao cinema, o segundo encontro, nesta quarta-feira (22/01), na Kulturbraurei, centra-se nas histórias que os convidados moçambicanos, portugueses, angolanos e brasileiros têm para contar.
Conforme Inês Thomas Almeida, editora do Magazine Cultural Berlinda, o evento pretende fazer sempre uma mostra da cultura dos países de língua portuguesa. "Desta vez, vamos ter a preocupação um pouco mais comunitária de tentar entender como são as pessoas, o que é que nós, comunidade de língua portuguesa em Berlim, temos para oferecer e o que é que estamos a fazer", disse.
Nesta edição, participam convidados de Angola, Moçambique, Portugal e Brasil. A expectativa da organização é de um grande público participativo e de diferentes nacionalidades. Os autores das “Crónicas de Berlim”, sobre a vida na capital alemã, como o moçambicano Cláudio Tamele e a portuguesa Lúcia Vicente, são os convidados desta “Noite da Berlinda comunitária”.
Objetos que contam história
Os convidados deverão falar sobre suas vivências e experiências na capital alemã. A organização está a pedir que todos levem para o evento um objecto - um livro, uma pedra, um boneco ou até mesmo uma canção ou uma foto - que conte a sua história. Assim, acredita que as pessoas vão compartilhar suas histórias no "Noite da Berlinda".
"Queremos saber quantas histórias de Berlim temos aqui, no meio desta comunidade de língua portuiguesa, que é tão grande ", explica Inês Thomas Almeida.
Os choques culturais que compõem as histórias e as perspectivas destes lusófonos em Berlim prometem proporcionar uma noite divertida ao público da Berlinda.
Recentemente, o moçambicano Cláudio Tamele, dono do Café Maputo e um dos convidados para as noites da Berlinda, relatou de forma hilariante o que lhe tinha acontecido, juntamente com um amigo, quando quiseram comer carne de coelho.
Como o amigo vinha de um meio totalmente diferente, estava habituado a caçar o coelho e foi caçá-lo em um parque de Berlim. No final, apareceu a polícia a bater-lhe à porta de casa. "Um dos temas recorrentes quando falamos da comunidade de língua portuguesa em Berlim são sempre os mal-entendidos interculturais", observa Inês.
Muita música lusófona
Ela explica que quem embalará a festa será o DJ angolano, MC Diamondog, que vai revisar estilos musicais de todos os países de língua portuguesa. "Vamos ter muito kuduro, kizomba, samba, bossa nova, clássicos portugueses, angolanos, moçambicanos e guineenses. Vai ser uma noite com muita festa, muita diversão", espera a organizadora.
A expectativa é de grande adesão do público porque o feedback recebido pelos organizadores é considerado satisfatório. Não só com as noites da Berlinda, que começaram em Novembro de 2013 com a sala cheia, mas também com outras actividades, a resposta do público tem sido expressiva.
"Em 2012 fizemos o Festival Berlinda, de cultura dos países de língua portuguesa, que teve um mês de duração e convidados do mundo inteiro: o José Eduardo Agualusa, o Pedro Pimenta, o Sérgio Tréfaut, a Diana Andrino... Também tivemos as sessões sempre esgotadas", lembra.
A primeira noite da Berlinda, em Novembro, apresentou o livro mais recente do escritor Pedro Sena-Lino, “Despaís”, e o filme “Cabralista”, do realizador cabo-verdiano Valério Lopes, sobre o herói da luta contra o poder colonial, Amílcar Cabral.
Depois de uma noite de histórias de vida faladas em português, nesta quarta-feira, segue-se uma edição especial, em março, dedicada à comunidade portuguesa em Berlim, para assinalar os 50 anos do acordo que regularizou a emigração portuguesa para a Alemanha.