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Falta de informação sobre África

Theresa Krinninger19 de fevereiro de 2016

Ainda há muitas nações em África que não publicam dados importantes. Neste continente, só poucos governos baseiam a sua política em factos. Porquê? Porque é muito caro.

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Não são apenas os estrangeiros: também numerosos chefes de Estado africanos sabem muito pouco do seu país e população. E faltam dados muito básicos, como taxas de natalidade, mortalidade e desemprego, para não falar da produtividade e da fiscalidade do Estado.

Mas ter bases de dado fiáveis é crucial, como diz Arnim van Wyk, da organização sul-africana “Africa Check”, especializada em conferir factos: “O conhecimento de factos influencia as decisões políticas e permite avaliar o sucesso na obtenção de resultados”. Porém, os custos elevados são um problema decisivo: “Um censo demográfico pode custar até um dólar por pessoa. O que corresponde a uma despesa de 160 milhões de dólares num país com 160 milhões de habitantes, como é o caso da Nigéria”, diz o especialista van Wyk.

Um índice para medir a prestação estatística

A falta de dados é um desafio para a maioria dos países em África. O Banco Mundial publicou um índice especial que revela a extensão do problema. O Indicador de Capacidade Estatística compara a capacidade de nações individuais em recolher dados suficientes sobre a demografia, economia, saúde pública, educação e produção agrária. O índice avalia as fontes dos dados, assim como os métodos e a frequência da recolha. O valor mais baixo da avaliação é 0 e o mais elevado 100.

Do pior ao melhor: espaços em branco no mapa de África

O mapa do Banco Mundial salienta cinco países particularmente afetados pela falta de dados. A maioria não tem os fundos e os recursos humanos necessários para construir bases de dados fiáveis, seja por causa de guerras civis ou distúrbios políticos e sociais. Alguns deles são governados por regimes autoritários.

1. Somália

A nação no Corno de África está em última posição com apenas 20 pontos. A recolha de dados piorou progressivamente desde 2012, o ano em que foi instalado o primeiro governo central permanente, após mais de vinte anos de guerra civil.

2. Líbia

O país no norte da África está na penúltima posição com 22,2 pontos. O índice caiu para metade desde o início da guerra civil em 2011. Mas, pelo menos, as autoridades efetuaram um censo demográfico nos últimos dez anos.

3. Eritreia

Segue-se este pequeno país com 27,8 pontos. Trata-se de um regime ditatorial politicamente isolado e notório pelas suas práticas de opressão, trabalhos forçados, tortura e prisões arbitrárias. Segundo a ONU, quase meio milhão de eritreus fugiram do país desde 2014.

4. Sudão do Sul

Com 34,4 pontos, este jovem Estado pelo menos conseguiu superar a fasquia dos 40. Desde a secessão do Sudão em 2011, o Sudão do Sul ainda não viveu um momento de paz e estabilidade. A recolha de dados nacionais só começou em 2013. Mas a prestação neste âmbito melhorou bastante desde então.

5. Gabão

O melhor dos cinco “piores” países africanos em termos de capacidade de fornecer estatísticas situa-se na costa atlântica. O Gabão obtém 40 pontos no índice do Banco Mundial. A economia do país é fortemente dependente do petróleo. A queda em pique do preço do crude em 2014 levou a um recuo importante do crescimento económico. Em 2014 o Governo nem sequer conseguiu pagar os salários dos funcionários públicos. Neste momento, o que preocupa os gaboneses não são as estatísticas, mas os distúrbios sociais e as greves em antecipação das eleições presidenciais marcadas para o fim de 2016.

6. Guiné Equatorial

Este pequeno país no centro da África tem uma avaliação de 42,2 pontos, mas conseguiu subir dez pontos no índice entre 2013 e 2015. O Governo não fornece dados sobre a pobreza, agricultura, mortalidade e natalidade. Mas pelo menos tem um censo demográfico.

7. Guiné-Bissau

A situação não é muito melhor neste país da África ocidental. A falta de dados sobre a produção agrária, pobreza, taxas de natalidade e mortalidade, coloca-o na escala 44,4. Mas desde 2010 começaram a registar-se alguns progressos na contagem da população e em temas relacionadas com a saúde.

8. Botswana

Também o Botswana não cumpriu as suas obrigações estatísticas. Os 45,6 pontos que o Botswana obteve no índice apontam para um esforço mínimo na recolha de dados sobre a saúde, a agricultura, a população e a pobreza. Aqui existe alguma informação sobre as taxas de natalidade e mortalidade.

9. Djibuti

A recolha de dados neste pequeno país no Corno de África foi avaliada em 46,7 pontos, apenas um ponto mais do que o Botswana. Neste momento, o desafio mais importante para o Djibuti é a chegada de refugiados do Iémen desde 2015. Segundo a ONU, o Djibuti já acolheu mais de 50 000 refugiados – incluindo somalis.

10. Angola

Angola tem uma avaliação de 47,8 pontos, aproximando-se da média subsaariana de 59,9. Aqui o maior problema é o financiamento: a queda dos preços do petróleo implica uma redução calculada em 30 mil milhões de dólares das receitas de Estado em 2015. O Governo já anunciou um corte importante das despesas. Além disso, apesar dos planos do Governo para fomentar a produção agrária, o Estado não fornece qualquer dado sobre a agricultura no país.

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