Donald Trump promete “devolver o poder ao povo”
20 de janeiro de 2017Donald Trump, de 70 anos, prestou juramento na sexta-feira 20 de janeiro como 45.º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) perante centenas de milhares de pessoas. No seu discurso inaugural, Trump manteve-se fiel a si próprio, afirmando que neste dia não se tratava apenas de transferir poderes de um partido para o outro, mas de uma "devolução dos poderes de Washington a vocês, o povo”, porque "há já tempo demais que os políticos prosperam enquanto se perdem empregos e fecham fábricas.” Trump deixou uma mensagem clara: "America first – a América primeiro.”
Em Junho de 2015, quando o multimilionário Trump anunciou a sua candidatura à Presidência da República, praticamente ninguém o levou a sério. Muitos analistas pensavam então tratar-se de uma brincadeira. E enumeravam as razões: Trump não tinha qualquer experiência política, cinco filhos de três casamentos e um passado duvidoso no mundo dos negócios. Todos estes atributos faziam querer que as suas possibilidades de alcançar a primeira posição na única superpotência mundial seriam reduzidas. Mas Trump soube mobilizar uma parte importante da população desiludida com as elites no Governo e na economia com um apelo muito simples: "Make America great again."
"Make America great again”
A forma como o herdeiro de uma fortuna amealhada pelo seu pai Frederick, um agente imobiliário de Nova Iorque, pretende alcançar o objetivo de "tornar a América grande outra vez" é ainda uma incógnita. Durante a campanha eleitoral, Trump recorreu a estratégias populistas para angariar votos, não hesitando em quebrar tabus e introduzir um discurso misógino e racista, como por exemplo, quando se referia aos imigrantes mexicanos: "Trazem droga, trazem o crime, são violadores". Anunciou ainda: "Vou construir um muro enorme, e ninguém os constrói melhor do que eu, acreditem. E não nos vai custar nada. Vou construir um muro na nossa fronteira que vai ser pago pelos mexicanos."
A África não consta
No universo de Trump, a África, parece não existir. As declarações públicas do Presidente eleito sobre o continente até agora limitaram-se a ameaças de mandar prender os Presidentes Robert Mugabe, do Zimbabué, e Yoweri Museveni, do Uganda. E a África do Sul, é "um reduto do crime prestes a explodir”, explicou recentemente.
O consenso entre os analistas é que na era Trump os EUA irão reduzir marcadamente os investimentos em África, especialmente aqueles destinados à ajuda ao desenvolvimento. O que significa uma mudança importante na política africana de Washington: Os EUA são parceiros importantes dos países africanos. Washington é um dos principais doadores para projetos de desenvolvimento, e o segundo maior investidor direto.
Os adeptos mantiveram a fé no candidato
Mas Donald Trump está mais interessado noutras questões. Por exemplo, os muçulmanos, que também serviram de alvo constante durante a campanha eleitoral. Referindo-se a si próprio na terceira pessoa. Trump disse: "Donald J. Trump quer vedar completamente a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos até que os representantes do Governo entendam o que raio se passa aqui."
Mesmo acusações de assédio sexual por várias mulheres e um vídeo em que Trump se vangloriava das suas proezas sexuais e de maltratar mulheres, não dissuadiram os seus apoiantes.
Cresce a apreensão
No discurso inaugural prometeu a "erradicação completa do Estado Islâmico” o grupo terrorista que semeia o terror no mundo. Mas, de um modo geral, os seus planos de política externa causam apreensão.
Numa entrevista recente ao tablóide alemão Bild, Trump disse que a Organização do Tratado do Atlântico Norte, NATO, estava ultrapassada, que tanto lhe dava se a União Europeia se desintegrasse ou não, e que os construtores de automóveis na Alemanha podiam contar com um aumento importante das taxas de importação. Aliadas à sua aversão a medidas de protecção do meio-ambiente, à atitude face ao Irão e à China, e à admiração que nutre pelo Presidente russo, Vladimir Putin, as perspetivas agora abertas pela presidência de Donald Trump não são de molde a tranquilizar o mundo.